terça-feira, 31 de agosto de 2010

Produção, gravação e dinheiro que é bom

Em época de eleição costuma ser uma época bem feliz para quem grava, porém quando se tem nome no mercado. Para os que não tem cabe duas decisões a tomar: aceitar a merreca que irão te pagar ou a experiência. Não é fácil ganhar dinheiro com a música, não importa qual seja a área, por isso que sempre estudamos para “atiçar” nossa criatividade e fazer com não sejamos iguais aos outros. Conheço um monte de músicos que tem mania de comprar o melhor computador, a melhor placa de som, os melhores equipamentos de entrada (compressor, crossover, equalizador) fazer gravações excelentes quando os instrumentos são separados e o resultado final decepcionante e mesmo assim acham que suas gravações valem R$1000,00. Por outro lado, que tem uns com equipamentos mais simples fazem ótimas gravações e sentem envergonhados em cobrar R$ 200,00 porque acham que se tivessem um equipamento melhor fariam milagres. Essa é mais uma das “síndromes do Brasil”: querem comer sushi pagando preço de rollmops. Quando tocava na noite, havia bares que não estavam importando com a “qualidade da banda” e sim com o equipamento que ela tinha. Ou seja, se você tivesse um equipamento de R$ 500,00 o bar pagaria o mesmo cachê se você tivesse um equipamento de R$5000,00.
O que vai definir o seu preço? Mais que o equipamento, a qualidade da gravação e da mixagem. O pior problema para que tem um equipamento simples sempre será a “o volume final” porque precisamos de um conversor A/D para isso funcionar direito. Mas enquanto isso, vale a pena vender? Essa é uma pergunta que cabe você responder. Vou contar uma história bem interessante:
Tenho amigo meu que trabalha em 2 estúdios em Porto Alegre – RS além de ter seu próprio em Canoas – RS. Seu estúdio é pequeno mas produz ótimos trabalhos e sabem como ele conseguiu o dinheiro pra ele comprar a maioria do seu equipamento?
O ano era 2004, era época de eleger prefeitos. Ele tinha naquela época algo considerado bem simples: um computador Pentium 3, uma Creative Audigy, um microfone Behringer B-1, compressor, equalizador, mesa de som e acabou! Então ele saiu vendendo seus jinges e alguns candidatos compraram. Ele cobrou caro e garantia o resultado. Como seu equipamento era simples o que ele fez: chamou um amigo meu que é tecladista, outro que era guitarrista e baixista e ele tocou bateria. Para a voz, usaram o truque de gravação mais manjado: os três cantavam o jinge e depois tacavam auto tune em cima para “limar” as imperfeições (todos são músicos estudados e possuem instrumentos de primeira linha). Porém esse meu amigo é um mestre em resolver “conflitos de mascaramento acústico” e “conflitos de frequências” (inclusive dá aula sobre isso e escreveu um livro sobre o assunto) e mesmo com um simples equipamento conseguiu o resultado que muitas pessoas não conseguem com um ótimo equipamento. Com essas gravações conseguiu comprar um equipamento melhor para seu pequeno estúdio.
E o por quê? Você nunca irá fazer um bom trabalho sem saber o que se pode cortar ou aumentar. Pra mim a maior abobrinha que alguém pode me dizer é que uma gravação “depende só do ouvido” (os que fazem isso geralmente se dão mal). Quando alguém diz isso, eu só digo: pegue um brickwall coloque o mesmo de 20 Hz a 80 Hz usando duas gravações ao mesmo tempo e me diga o que está mais alto e o que está mais baixo nelas. Sem um analisador de espectro? Somente alguém com anos de gravação ou com um ouvido privilegiado saberá dizer porque essa é a parte “sub grave” de um música onde apenas sentimos a pulsação da gravação.
Lembre –se sempre dessa regra: música dedicação, estudo, ouvido e sentimento. Quem tiver isso, irá ter sucesso!

sábado, 28 de agosto de 2010

Gravação: 10 tópicos sobre samples.

Desde que surgiu o “sample” vem sendo usado quase como uma “ferramenta essencial” tanto nas gravações amadoras, profissionais, comerciais ou independentes. Porém na hora de juntar “tudo” muita coisa pode nos atrapalhar. Os 10 tópicos abaixo foram justamente feito no que pode nos atrapalhar na hora de usar um sample:


1) O que é um sample? Sample é apenas um arquivo de áudio de apenas um compasso ou segundos com a função de reproduzir esse som cadeando o mesmo (ou seja colocando em loop eterno). Alguns samples são loops prontos e outros são apenas a semi breve (som de 4 tempos) de algum instrumento.

2)Tipos: o sample é um arquivo de áudio portanto pode ser MP3, WAV, AIFF ou outro arquivo de áudio.

3)Resolução de áudio: o pior problema do sample é que geralmente sua resolução é de um CD básico (44 kHz – 16 bits) porém isso depende exclusivamente do formato da biblioteca de onde ele veio (alguns já trabalham em 48 kHz – 32 bits float) e geralmente não há problema nenhum em fazer um “resample” e colocar na resolução que queremos.

4)Por que usamos samples? O sample surgiu em 1984 (ou aproximadamente) quando o hip hop, techno, rap, acid music começaram a ser tornar popular. A regra era simples: colocar uma harmonia legal em loop e cantar em cima. Porém a medida que a gravação independente foi criando forças muitos músicos de vários estilos foram os usando para fazer suas gravações caseiras. É uma ótima opção pra quem não tem intimidade com o sistema MIDI e não tem banda. O mais usado ainda é são os samples de bateria e baixo.

5)Tempo: samples em loop devem ter descrito no arquivo o tempo (BPM) que ele está trabalhando, pois não tiver você irá ter um sério problema para jogar ou sample em cima. A menos que você coloque os outros instrumentos manualmente.

6)Trabalhando com sample em loop: um sample em loop ou tem um compasso ou tem 3 compassos e mais um de virada (dando o total de 4). O bom dele é que podemos por exemplo, fazer uma bateria só copiando em colando a seção principal e colocando o sample de viradas onde queremos. Porém o problema é que ficamos escravos do tempo do sample (BPM) e se não estiver descrito no arquivo isso, você possivelmente não consiguirá colocar outro sample no mesmo tempo em cima do primeiro.

7)Trabalho com um som de sample: um sample onde foi gravado apenas sua semi breve (4 tempos) podemos usar um plugin do tipo “sampleador” (os mais famosos são os VSTi Kontank e o Sampletank). Quando usamos uma bateria onde as peças foram separadas por peças (como a caixa, bumbo, xipo) não encontramos dificuldades nenhuma em tocar a mesma. O problema é quando há instrumentos. Dependendo da oitava onde o sample foi gravado, o som pode ficar agudo ou grave, por isso quando usamos MIDI em cima de um sample, precisamos analisar se não pode acontecer isso.

8)Efeitos: quando um sample vem com efeito, ou usamos ele ou não. Não há duas medidas (não há como tirar), por isso use com sabedoria

9)Equalização: polêmica muito comum: equalizar ou não um sample? A resposta é simples: se ele não estiver claro ou está atrapalhando a projeção da voz, daí equalziamos.

10)Qual os programas que manipulam sample? Procure usar DAW que dupliquem o sample automático, só arrastando o mesmo. Uma ótima dica é Fruity Loops e o Sony Acid.

Abraços!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mixagem: Equalização e a dinâmica do som

Muitos fatores determinam uma boa gravação: equipamentos, instrumentos, isolamento acústico, músicos, DAW, computador, estado de espírito. Porém numa mixagem o fator que mais conta para o engenheiro de som é resolver os problemas de “mascaramento acústico” e isso se deve a 5 conhecidos fatores: limpeza de som, volume, panorama, equalização e compressão. Ontem aqui na minha cidade havia um rodeio. Esse rodeio ficava há 5 km da minha casa, mas como moro num morro ouvia perfeitamente. Um dos fatores que me chamou a atenção foi diferença entre os graves e as frequências mais agudas que vou detalhar melhor. Escutando uma música, no fundo havia um som de bumbo (aquele característico de música eletrônica do tipo tum – tum – tum – tum) gerado por falantes de 18. A freqüência desse bumbo provavelmente era de 30 Hz a uns 150 Hz. No meio desse som havia uma pessoa falando entre 200 Hz a 1.5 kHz e o que notava é que o bumbo apesar de mais grave, estava soando mais alto que a fala. Em seguida começou a música e a voz de uma mulher cantando que provavelmente estava em 250 Hz a 7.5 kHz e meu deu um susto: de repente aquele som “médio grave” virou num som agudo, como se alguém tivesse aberto na mesa de som o médio. Isso acontece justamente porque a função do equalizador é dar dinâmica ao som e por mais que muita gente “brigue” o que abre o som é justamente a combinação de 1.2 kHz a 8 kHz com atuação em 400 – 900 Hz. Quem faz gravações tenta reproduzir ao máximo o som natural, para dar sensação ao ouvinte que o artista está em casa cantando para ele. Pra mim um dos maiores erros que um estúdio pode cometer é não avisar ao cliente que uma mixagem exige paciência pois cada música é um caso e por mais que a pessoa que a mixe seja “experiente” detalhes podem passar despercebidos. Novamente digo que em “grandes estúdios” é muito difícil isso acontecer porque há uma equipe para isso, porém a coisa que mais aconselho o pessoal estudar é como abrir seu som e única maneira de abri –lo é com a equalização. O pior desafio é que como são pouco que podem contar com conversores análogos e digitais além de equipamentos caros para isso, é deixar o som aberto em qualquer caixa de som. Abaixo coloco uma dica muito útil que traduzi de um livro sobre mixagem que realmente funciona.

A) Aumente ou corte com um volume moderado (8 ou 10 Db)
B) Varra as freqüências até que você ache uma freqüência onde o som que tenha se encaixe na caixa com definição.
C) Ajust a quantidade de corte a gosto. Cuidado pois cortes profundos enfraquecem o som.
D) Você pode acrescentar um ponto onde o som parta de 0 Db ou mais até atingir as frequancias médias (1 kHz a 4 kHz)
E) Pode se acrescentar um som estalado acrescentando quantidades nas frequencias agudas (5 kHz a 10 kHz)
F) Nas freqüências de 10 a 15 kHz pode se acrescentar um efeito de ar.

ATENÇÃO: Primeiro tente cortar, nunca aumentar. O aumento interfere direto na cor e nas fases do som.

Um método alternativo

1) Comece tudo em Flat (todos as freqüências iguais), remova a o final das freqüências graves com um controle de freqüência (diminuindo as mesmas com low self) ou um brickwall.
2) Feito isso, use o resto do EQ para timbrar as freqüências médias a é o som ficar distinto.
3) Use um controle de freqüências de médios graves para tentar dar corpo ao som.
4) Bem devagar traga o som das freqüências graves até o voltar o normal (cancele os cortes das mesmas)
5) Acrescente as freqüências agudas se precisar de definição.


Não deixe de ler no blog de Dennis Zasnicoff sobre plugins!

Abraços!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Por que minha música não soa bem nas caixas padrões de um computador?

Como descrevo sempre aqui, pessoas que possuem estúdios caseiros ou pequenos estúdios, não contam (com raras exceções) de equipamentos do tipo A/D (conversor analógico para digital) ou ainda coisas sofisticadas como “isolamento acústico” ou uma sala branca para masterização. A medida que vamos comprando os equipamentos, vemos que muitas coisas que tínhamos como teoria começam a mudar. O meu maior baque foi quando escutei minhas gravações que tinha feito antes num monitor de referencia profissional. Havia exagero de tudo. Porém, sem dúvida nada me causa ainda mais transtorno do que ouvir minhas músicas e de outros músicos numa caixa simples de computador. Antes de sair explicando “por isso acontece” vou lhes contar a “tortura psicológica” que isso nos causa. Pra começar, muita gente “gasta uma nota” ferrenha num estúdio para gravar sua demo ou o 1º CD. Ela soa linda e maravilhosa no estúdio, no seu aparelho de som e no seu carro. Quando você coloca a mesma num computador com “caixas simples” para mostrar pra alguém, percebe que sua música não é a mesa e sempre algo está “forte demais”: ou é a voz, ou é a guitarra, ou é os sopros, ou os xipos ou outra coisa e pior de tudo: a ausência total de efeitos como o “delay” e o reverb. Já pesquisei na internet sobre esse “fenômeno” com algumas “plausíveis” explicações. Conversei com o produtor Paulo Assis, e o mesmo disse que isso geralmente é a falta de “força” dos médios entre 400 Hz a 2 kHz", ou ainda o excesso dos mesmos. O problema que quando nossa música não está preparada para tocar nessas “caixas” você pode correr o risco de tentar provar que a mesma é boa. A tabela abaixo mostra o que a maioria do ouvinte tem no seu computador para escutar suas música:

1) Caixas de som de monitores de plasma tem o alcance médio de 100 Hz a 12 kHz
2) Caixas de som normais (essas que todo mundo tem) tem o alcance de 80 Hz a 15 kHz
3) A maioria dos fones de ouvidos grande tem o alcance de 20 Hz a 20 kHz porém sem nenhuma resposta a dinâmica.


Como resolver isso?

1)Primeiramente você tem que fazer uma masterização, porque a mixagem não irá resolver esse “conflito”.
2)Procure usar um compressor multibanda para você baixar todas as freqüências igualmente.
3) Você precisará de um equalizador linear para criar um brick wall.
4)Se precisar, você terá que criar uma “ambiência” artificial com algum reverb.

Resolvendo:
1)Coloque a seguinte ordem: Eq linear => Compressor Multibanda => Limiter
2) Com o EQ linear corte primeira mente tudo abaixo de 100hz e acima de 12 kHz..
3) Com o compressor multibanda tente aumentar ou diminuir as freqüências médias e médias altas (400 Hz a 6 kHz). Tudo depende o caso
4)Mantenha com o limiter um som audível sem exceção de compressão. Algo tem torno de 6:1.

Observações
A)Escute sempre o que você anda fazendo! Se você ver que sua a versão para as caixas de computador está soando bem nelas mas diferentes nas outras você tem duas soluções: o continuar “mexendo” até resolver o problema ou fazer uma versão exclusiva para computador.

B)Tente mixar tudo ao mesmo tempo: nas caixas do computador e nos monitores de referências.

C)Com um Analyser veja se as freqüências não estão chegando perto demais de +6 dB. Isso quer dizer que sua música está “forte demais”.

D) Cuidado para não “polir” os graves com ajustes abaixo de 100 Hz.

Lições do passado

Ultimamente ando ouvido muitas músicas dos anos 70 (de 1976 em diante) e o New age dos anos 80. E uma coisa que percebo que elas rodam “perfeitamente” em caixas de computador normal. Um detalhes é que elas não tem tanta “força” como tem as músicas de hoje em dia (são compressadas de maneira para não soar alto) e que a maioria dos graves ficam em torno de 80 – 100 Hz. Procure ouvir músicas dessa época e compare com as gravações atuais e veja como elas soam melhor nessas caixas de som fracas.

Abraços!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Apostila de masterização!

Pra terminar a semana, mais uma apostila disponível para download aí do lado:
"Apostila de masterização". Uma compilação de vários artigos que li, livros e experiências pessoais!

A todos um ótimo fim de semana e excelentes gravações, mixagem, masterização, divulgação e shows!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Produção e motivação: mantenha a mente aberta

Régis Tadeu sempre diz que o músico brasileiro não sabe ouvir criticas. Já notou que nós brasileiros somos “educados” para não aceitar isso? Ninguém dá bola em viver em um país que está a beira da “ulltra violência”, sem saúde, sem educação e quando alguém de outro país nos critica sobre isso é como se fosse calúnia pra nós (qual a mentira sobre isso?). Voltando a música a maioria de nós desconhecidos ficamos uma “fera” quando levamos uma critica! Temos contratos? Temos um empresário? Temos um produtor? Estamos vendendo uma quantidade absurda de CD? Somos o “top” na internet em acessos e downloads?Temos jabá? Se os desconhecidos agem assim imagine então quem é famoso! Esses dias um amigo meu ficou chateado porque comentaram num blog que o som dele que é “setentista” parecido com Emo, porém foi uma crítica negativa contra várias positivas (porque sempre é mais fácil lembrar de 10 coisas ruins do que 10 coisas boas?). Veja meu exemplo, eu comecei a gravar, mergulhei de cabeça num projeto que chamei de Syrok (Synth Rock) que a idéia era assim: misturar sintetizadores com música pesada e letras fortes que falem o que tenho na cabeça, mas a partir do momento que coloquei meu trabalho para as pessoas ouvirem começaram: parece Depeche Mode, parece RPM, parece rock gaúcho, parece Engenheiros do Havaí, parece Duran Duran, parece New Order, parece Legião Urbana, parece Rammstein e assim vai e sem contar que depois começou uma “onda” no Power Pop de fazer músicas assim. Poxâ! Esse não era meu objetivo! Meu objetivo era fazer uma música bem arranjada com um toque oitentista e noventista e não me classificar como som dos anos 80!O que eu fiz? Continuo fazendo a mesma coisa. Tentando provar que quero fazer um som diferente e o que eu posso fazer se me classificam assim?Alias, tenho até orgulho disso pois o que é lembrado é divulgado. Eu sempre tento compartilhar um trabalho novo com músicos que considero “parceiros” eles dão uma analisada e falam o que acham. Se alguém critica positivamente “legal, estou no caminho” e se alguém “critica negativamente” analiso e vejo onde estou errando. Eu particularmente acho um “absurdo” certas coisas que vejo na internet ficarem como os “vídeos mais acessados” mais por outro lado admiro a coragem e vontade de mudar de vida de muitos deles. Ele sabe o que ele faz é uma coisa estranha sem chance de sucesso, mas ao mesmo tempo é o que ele sabe fazer de melhor, por que não arriscar? Muitos críticos renomados preferem os anos 70 porque ainda era uma época onde a “rebeldia era rebeldia” e só os talentosos venciam. Porém, vários pessoas que estão por trás do jabá (produtores, rádios, empresários, gravadoras) pensam assim também, mas preferem serem pagos, do que ir atrás de realmente que tem talento e por isso que o último espaço de “caça talentos” é a internet, aos que não tem preguiça de ficar horas navegando procurando coisas novas. Aos que não podem competir com isso só resta contar com o talento, com incentivos dos amigos, com a aceitação do público, expor as idéias e ouvir as criticas. Porque quando sua hora chegar e você não aprender a ouvir elas então, você não está apto para o sucesso!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Gravação: Reflexão do som

Uma das dúvidas mais frequentes para quem grava é não entender porque sua música não “soa na cara” como um música comercial. Daí pra isso vão falar o velho assunto de sempre: porque precisa de equipamento, porque precisa de engenheiro de som, porque precisa de processo, porque isso e porque aquilo. Porém, a maioria de nós que não pode contar com isso tem que dar um jeito pra fazer seu som soar na cara ou próximo dela. Fora o que já foi falado (equalização, efeitos, compressão) vamos falar sobre a reflexão do som. Todo ambiente (até os tratados) possue um “reverb natural”. Esse reverb causa reflexão no nosso som. Então provavelmente alguém irá lhe dizer: “ambientes tratados são mais fáceis de manipular”, vamos a comparação.

A figura A mostra a maioria dos estúdios caseiros e pequenos estúdios. Não há tratamentos de reflexão e nossa gravação (somente quando usamos microfone) é bombardeada pelo reverb natural da mesma. Isso quer dizer, que se passarmos um reverb numa gravação realizada em um ambiente assim, poderemos ter um “exagero” de reverberação.

A figura B mostra um ambiente tratado. Aqui ele foi planejado para ter o mínimo de reflexão e não ter problemas em passar efeitos. Porém dependendo como ele foi construído ele pode puxar “as freqüências” primárias dos instrumentos e da voz, e pode ser bem mais difícil de tratar o som.

Porém lendo muitos livros sobre o assunto uma coisa que vejo que “deixar” o som na cara vai mais do tratamento do áudio do que a gravação (isso não quer dizer que qualquer equipamento vai soar bom, apenas que tudo precisa ser tratado, não há como pular essa etapa). Como explicar por exemplo que muitos conjuntos famosos fizeram gravações maravilhosas em ginásios, teatros e até igrejas? O objetivo final de uma gravação é atingir o ouvinte e deixar a mesma clara. Vamos analisar abaixo como esses três tipos de gravação bem comuns:

Som gravado ao vivo
Todo mundo quando vai fazer uma gravação bem “primária” faz geralmente (se não tiver conhecimento) assim: irá colocar um microfone ou mais pelos cantos da “sala” (ou onde estiver tocando) e irá gravar. O resultado? Mesmo fazendo um tratamento, parece que todos estão “espremidos dentro de um banheiro”.


Som gravado sem tratamento
Maioria dos músicos faz uma gravação, mesmo separada pista por pista, às vezes com bons equipamentos, mas não tratar a mesma. Quando há um resultado bom geralmente é por duas coisas: ou é porque a pessoa que gravou conhece ou é sorte! Porque temos a mania de achar que somente “fazendo” as regulagens “primárias” da gravação o som irá ficar bom. Nesse caso o som sempre “parece abafado”.

Som tratado
Com o som tratado é diferente. A gravação soa alto, clara e parece que estamos ouvindo a banda na nossa frente. Esse é o resultado dos 3 trabalhos da gravação: a gravação, a mixagem e a masterização (ou às vezes nem isso).

Lembre-se: a nossa intenção quando gravamos não é deixar o “som como se fosse ao vivo” e sim tratar o mesmo de tal maneira que podemos compreende – lo e curtir. Muitas vezes a ansiedade nos atrapalha assim como a falta de tempo. Concentre sempre em ter um bom resultado antes de expor o mesmo.

Boas gravações!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Masterização: O poder dos médios

Para você entender essa postagem, aconselho primeiro a você lembrar essa anterior Aqui. Em muitas dicas da internet que a gente lê, sempre dizem: abaixe o grave, suba as alta freqüências, cuidado com a compressão, etc... Porém se fizermos uma pergunta porque nosso som não soa como um CD comercial ouviremos sempre a mesma coisa: é o músico, é o equipamento, é o estúdio, etc... Porém gostaria que você segui-se esse raciocínio. Para isso você precisará de um plugin analyser (foto ao lado).
Existem vários tipos pagos e gratuitos, procure um que você se adapte legal.
A figura abaixo mostra o que nos vemos geralmente com um plugin analyser
nas maiorias das músicas comerciais (clique para ampliar):








A)perceba que aqui temos um low end a partir de 30 kHz um pequeno ganho de 50 a 100 e após 200 uma queda. Essa freqüências destacam o bumbo, a caixa, o baixo, a voz, a guitarra base. O problema se elas forem aumentadas num arquivo master, começam a anular as freqüências mais agudas. Por exemplo, se a caixa estiver mal gravada e a voz está bem gravada, se você aumentar em 250 Hz para tentar consertar a caixa, ela pode estragar a voz perto de 5 kHz!

B) Porém onde a abrange as freqüências médias (400 Hz a 6 k) podemos perceber que a o música, começa a “subir e descer” em determinadas freqüências. Essa é aparte onde se concentra a força da música.

C)Quando entra as freqüências agudas a música começa a ganhar cortes. Cortes aqui irão diminuir ou destacar a intensidade dos graves.

D)A partir de 10 kHz onde entre a região dos “super agudos” começa um declínio que irá terminar 16 kHz, 18 kHz ou 20 kHz dependendo o caso.

A questão que fazemos é: porque somente quando um analyser está funcionando mexe as freqüências dos médios? Porque aqui é a freqüência que mais ouvimos. Na mixagem o que fazemos é equalizar, colocar os efeitos e comprimir. Porém muitas vezes quando tentamos resolver “uma guerra de picos” podemos sem querer enfraquecer o som e isso pode se resolvido no master. Se nos passarmos um “compressor multibanda” e ajustarmos as freqüências de 400 a 800 Hz, 800 Hz a 1.5 kHz, 1.5 kHz a 3.2 kHz e 3.2 kHz a 6 kHz, iremos mexer somente na parte dos médios. Como nosso ouvido puxa sempre para os médios aqui podemos definir “a qualidade do som” porém podemos “detonar” o mesmo senão agirmos sabiamente. Minha sugestão é que:

1)Faça normalmente a mixagem: corte freqüências, coloque efeitos, comprima, regule os volumes, etc...

2)Faça um arquivo de áudio dessa mixagem.

3)Pegue uma música comercial no estilo da sua coloque numa outra pista da sua DAW e compare as duas: volume, quem está mais grave e aguda, ambiente, etc....

4)Analise as duas com um plugin analyser e confira como está as freqüências das duas.

5)Agora a parte que irá requerer cuidado: coloque os seguintes plugins na pista ou no AUX da sua música: Equalizador paramétrico, Compressor, Compressor Multibanda, Stereo Enchancer (opcional) e um Limitador.

6)Congele a imagem da sua referencia no analyser e toque sua música. Sua música irá tocar em cima da imagem.

7) Com o equalizador paramétrico crie o “low end” e o “high end” (Geralmente 30 Hz low end e 16 - 18 kHz high end)

8)Com o compressor faça uma compressão “suave” (lembre-se que você já fez compressão na mixagem) do tipo threshold – 2 dB (2:1) e output – 0.5 dB.

9)Com o compressor multibanda, tente “copiar” as freqüências de 400 a 800 Hz, 800 Hz a 1.5 kHz, 1.5 kHz a 3.2 kHz e 3.2 kHz a 6 kHz (ajuste o mesmo para isso). Lembre –se de sempre ouvir o que você está aumentando ou diminuindo.

10) Com um limiter ajuste o threshold para 4.5 dB e a saída para – 0.5 dB. Veja se o “meter” da DAW está pulsando. Queime o CD.

11)Toque o CD em um aparelho e compare as duas músicas. Caso você não sinta diferença, possivelmente terá que rever a mixagem. Ouça bem se a freqüências graves (20 – 200 kHz) não estão embolando ou se as freqüências a partir de 6 hz não estão estridentes demais.

Alguns cuidados:

A)Se música soar fraco ou forte ou ainda fora de fase em alguns aparelhos, verifique os volumes na mixagem.

B)Plugis de stereo enchancer quando muito “espalhados” podem esconder “instrumentos” de certas pistas.

C)Teste a música no máximo de aparelhos que puder!


Boas gravações!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mixagem dando força aos graves!

Um dos problemas que encontramos quando trabalhos com baterias e baixo VSTi, Midi, Loop ou sample é a dificuldade de dar “gás nos mesmos”. Mas existe um truque muito usado em gravações que costuma funcionar bem. Funciona da seguinte maneira: duplicamos as pistas, colocamos em AUX separados e fazemos uma ficar mais grave que a outra. Vamos as etapas:


1)A importância dos graves.
O erro mais comum é achar que os graves são opcionais ou que não precisa de muito para gravar. Isso acontece porque em muito tutorias na internet, dizem para “baixarmos os graves e aumentar os agudos” e não é bem assim. O grave em qualquer música é que “dá corpo” a mesma, por isso é tão importante saber mexer com o mesmo. Se você colocar uma música eletrônica num volume colocando a mão no chão sentirá ele tremer, pois o mesmo está recebendo a densidade dos graves. Essa é função do grave, dar densidade a música, força. Dizem que “a música se divide: ritmo corpo, harmonia cabeça e melodia alma”. Uma mixagem podemos dividir em “grave força, médios corpo e agudos detalhes”.

2) Quais os plugins que reforçam os graves?
Teoricamente, não é muito bom a gente pegar uma freqüência grave “exemplo 30 100 Hz” e aumentar com um “low self” num equalizador. Isso porque como o equalizador trabalha com volumes, pode dar problemas (o grave é o que mais cobre freqüências nas gravações) porém existe plugins chamados “bass enchacer” que fazem essa função: aumentar a “densidade dos graves”. Os mais conhecidos desses plugins são Waves Rbass e Waves Max bass. Porém podemos aumentar os graves um um compressor multi banda, mas não é muito aconselhado.

3)Reforçando os graves

Muitas vezes, uma pista pode não definir nossos graves, por isso existe um técnica de “overdub” bem manjada para isso:

A)Grave seu baixo e grave o bumbo.

B) Duplique as pistas tanto do grave quanto a do bumbo. (crie duas novas pistas pra isso, copie e cole).

C) Crie 2 Aux: de para o 1º o nome de Sub grave (ou qualquer outro nome) e para o 2º Grave.

D) Coloque de plugin no Aux 1 o bass encancher (ajuste a gosto) e um delay no tempo da música (você vai precisar calcular o delay baixe o calculador na seção download).

E) No Aux 2 coloque o bumbo e o baixo original.

F) Na pista do bumbo original use um equalizador paramétrico e corte tudo abaixo de 80 Hz, deixe flat até 200 Hz, corte tudo após isso em 5k use um “notch” para puxar as freqüências aí perto, ficará mais ou menos assim.

G) Com baixo original faremos parecido, porém cortamos tudo abaixo de 60 Hz, deixamo tudo flat até 300 Hz e aumentamos ou diminuímos a gosto após 1 kHz.

H) Com a cópia do bum nós vamos fazer a mesma equalização do bumbo original, porém vamos cortar tudo abaixo de 40 Hz, fazer um “buraco” de 150 Hz a 6 kHz e dar um “high self” flat após 7 kHz. Ficará com um sorriso.

I)A cópia do baixo pode deixar tudo em flat, porém devemos cortar tudo abaixo de 35 Hz.

J) No Aux 1, pegue o e regule o plugin de “bass enchancer” para atuar após 35 Hz mas não o deixe passar de 100 Hz. Zere o plugin, e vá aumentando até os graves do AUX 1 casarem com os graves do AUX 2. O delay no AUX 1 coloque no tempo da música.

M) No Aux 2, coloque um plugin gosto.

Dica: se for usar VSTi não duplique as duas pistas. Faça uma pista normal, e outra uma oitava abaixo. Com isso, você usará bem menos o “bass enchancher”.

Boas gravações!