sábado, 17 de julho de 2010

Mixagem: o efeito do panorama no nosso cérebro e ouvidos.

Já falei em panorama aqui, aqui e aqui, porém para os que tem muitas dúvidas, vou explicar agora como som entra pelo nossos ouvidos e invade nosso cérebro, para lhe dar uma luz do funcionamento do campo estéreo na nossa cabeça!



1)Fones de ouvido

Geralmente quem começa uma mixagem, começa por fone de ouvido pelo motivo que para ajustar o panorama sem “mexer nas freqüências” é bem mais fácil porque podemos ouvir melhor o posicionamento dos volumes. Muitas pessoas (eu também) teimam em equalizar com os fones, porém não é recomendado a menos que você tenha um realmente bom, pois eles “mentem demais” (muitas vezes é melhor gastar R$ 300,00 em fone de ouvido profissional do que R$1000,00 em monitor de aúdio) . Quando escutamos um CD de um artista ouvimos as músicas direito no fone, e nos perguntamos “porque minha música não soa assim”? Porque esquecemos que essa música já teve seu panorama testado inúmeras vezes até chegar a esse resultado. Por isso, essa gravação já foi calibrada para tocar em todos ambientes, resta calibrar a nossa.

2)Aparelhos de som

A maioria dos aparelhos de som são composto por duas caixas, uma na esquerda e uma na direita. Como temos dois ouvidos, colocamos as caixas posicionados geralmente paralelamente a eles (esquerda e direita). Quando você tira o som do fone e o passa para caixa de som, geralmente toma um susto: não foi isso que fiz! Sim, é o que você fez, porém no fone de ouvido, o som estava concentrado em sua mente e agora para ele chegar até o seu ouvido encontra a “acústica” como obstáculo (reverberação). Para se ter uma idéia, o simples abajur que está na frente das caixas que você usa para enxergar o teclado pode ser um obstáculo, e outro detalhe: isso é válido também para monitores profissionais de som, pois nada tem haver com a construção e sim com a acústica. Grande estúdios possuem “White Room” (Salas Brancas) são justamente o que o nome diz: uma sala branca, isolada acusticamente feita para mixagem. Isso não quer dizer que se você não tiver uma assim, não vai chegar num resultado “satisfatório” para seu panorama, apenas quer dizer que você tem que prestar mais atenção nos detalhes. Por isso, aquela história de colocar o som num volume médio e passear pela casa pode decifrar coisas que você não houve quando as está na frente das caixas.

3)Surround

Surround foi criado justamente para deixar a gente “dentro de um filme” e logicamente isso quer dizer deixar a gente dentro de um “show também”. Um panorama em surround quer dizer que você precisa ajustar o campo estéreo em 5 caixas ou mais e não somente em duas, por isso, antes de aventurar nisso, tenha um sistema “surround”. Você não pode “equalizar” por ele, mas pode ajustar o panorama através dele. O surround pode rodar num sistema estéreo de apenas 2 caixas sem problemas, porém dependendo a equalização que você fez um monte de detalhes podem sumir. O legal da de fazer um panorama sorround (pra que tem o equipamento) é ouvir o som passear pelo ambiente e pela sua cabeça.

4)Som ao vivo

A primeira coisa que você pode notar num show é que o mesário se posiciona na frente da banda justamente para ajustar o panorama. O som ao vivo é a coisa mais cruel de manipular em matéria de áudio. Até o melhor mesário pode estar sujeito a algumas armadilhas que ele faz: o ambiente (onde a banda toca se é um teatro, casa de show, boate, pub, bar, etc...), o clima/vento (tempo) se for por exemplo numa praça ou qualquer outro tipo de evento aberto e acústica. Isso se resolve de uma maneira bem simples: um bom ajuste nos equalizadores, crossover e compressores e um bom fone de ouvido e sempre checando o som do fone com o do palco. Então você deve estar pensando “isso qualquer mesário faz”, porém sabe qual a maior diferença entre um bom mesário e um ruim? A capacidade de calcular o ambiente. Pegue um reverb, coloque num som. A medida que você acrescenta o efeito ele o som se afasta, e a medida que você tira o efeito o som se aproxima. O Ambiente é um “reverb natural”, por isso quanto menos público mais reverberação ele tem, quanto mais menos reverberação terá. Os melhores mesários que conheço também são os melhores “engenheiros de som” justamente por já saber como o som irá soar no ambiente vazio. E o que isso tem haver com o panorama? Pense como um mesário ou como parte do público: se num fone o panorama é invadido direto em nossa mente, se num aparelho de som ele chega por duas caixas (uma esquerda e uma direita), o som ao vivo temos um “bombardeamento” de áudio, porque além dos P.A (as caixas que ficam de frente ao público) temos os retornos (caixas de palco) e amplificadores. Aqui o panorama se torna instável e por isso se o mesário conseguir resolver esse problema aqui não será nada difícil resolver o mesmo numa gravação.

5)Carro

Talvez devido a combinação, ferro, espuma, vidro, falantes ou qualquer coisa assim, o carro é considerado o “teste final” de uma mixagem. A maioria dos produtores dão ok nas gravações quando ela soa “clara dentro do carro, por isso é um ótimo lugar para sentir se seu panorama está correto.

Resumindo

Panorama nos fones de ouvidos: O som se concentra dentro da sua cabeça, como se fosse um pingo de água numa poça.











Panorama em caixas estéreo:
O som se espalha pelo ambiente do lado esquerdo e direito até chegar a seus ouvidos.













Panorama em Surround: O som se espalha pelo lado direito e esquerdo, na frente e atrás além de mais um subwoofer (gerenciador de super grave)











Panorama ao vivo:
O som se espalha depende onde estamos. Geralmente ele vem da frente lado esquerdo e direito, porém como há ambiência (reverberação) e fatores do tempo (vento/clima) pode se espalhar para vários lugares.













Panorama dentro de um carro: temos contatos direto com o som, seu panorama e suas freqüências.











Abraços!

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