quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Equalização: corte e favoreça

A medida que o tempo passa, começa a cair a ficha sobre muita coisa que a gente estuda. Você já notou como os CD produzidos soam “altos e controlados” enquanto as gravações caseiras soam “baixas e brilhosas”? Quando masterizamos tentamos deixar tudo igual, porém nossa gravação sempre sai brilhosa e baixa... Mas você já experimentou cortar e aumentar? Siga esses itens que vou comentar:

1)Grave tudo com máximo de brilho e volume que conseguir:
Não importa se seu equipamento é fraco, regular, bom ou ótimo. Há várias maneiras de conseguir brilho e volume alto. Você sabia que um dos truques mais manjados quando se trabalha com mesas de som simples é aumentar todas as freqüências para dar volume (colocar no “talo” bass, middle e high) e se há uso de compressor deixar tudo em – 6 dB Threshold, + 4 dB input (entrada) e - 1 dB output (saída), porém tenha certeza que o som vai sair “alto e brilhante” e não “alto e barulhento”. Um release mais rápido no compressor (tipo 120 ms) deixará o som respirar.
Importante: cuidado com os ganhos! Controles de ganho distorcem o som quando não regulados.

2)Agora teremos freqüências, então corte não aumente:
Já reparou que os presets dos plugins de equalização, sempre aumentam o instrumento e não corta? Porque isso? Por que na gravação o instrumento é sempre gravado com tudo alto. O equalizador não passa de um controle de volume onde podemos aumentar cada freqüência separada pois com um controle de volume erguemos todas elas de uma vez. Mas agora que temos freqüências sobrando, podemos cortar as mesmas com calma. Aqui o desafio é conseguir o melhor “timbre” cortando na dosagem certa.

3)Os conflitos estão no seu ouvido
Repare que nas gravações comerciais duas coisas são mais evidentes no volume: a voz e som da caixa. Nas músicas onde a guitarra distorcida ou limpa também. Mas como eles conseguem destacar isso e você não? A primeira coisa você pensa: a voz foi gravada num ambiente tratado com um microfone Neuman Gold, a guitarra Gibson Les Paul foi gravada com Shure SM58 de uma lado e um AKG C414 do outro num stack Marshall ou Mesa Boggie, o baixo é Fender Precision num stack da Ampeg, a bateria é uma Tama e blah, blah, blah. Instrumentos e equipamentos de ótima qualidade são mais fácil de cortar porque apesar de um corte extremo (falo de um Notch com 2 oitavas e – 6 dB) dificilmente perdem qualidade e provalvemente se você fazer isso com seu equipamento tudo ficará com as característica de um som “magro”. Então, se não podemos cortar – 6dB, podemos cortar – 2Db. Muitas vezes um corte desse por toda a extensão de um instrumento pode nos ajudar a resolver um conflito de “mascaramento acústico”, como mostra a figura abaixo:

confesso que eu sou um dos defensores de aumentar a freqüência quando possível, porém perceba a diferença de equalização entre essa duas músicas minhas:

1)Vontade de amar – Perceba que eu destaquei mais a voz e a bateria que os outros intrumentos. As freqüências da bateria e da voz foram aumentadas, enquanto as freqüências dos outros instrumentos foram diminuídas.



2)Crer – Perceba que a bateria, o baixo, o órgão e a guitarra estão bem destacadas, enquanto a voz toca mas suave. Aqui a voz foi cortada e os instrumentos aumentados.



Importante: tente não grava de imediato! Teste todos os timbres disponíveis e possíveis. Se precisar grave várias vezes a mesma pista até chegar onde quer.

4)Menos é mais
Muitos produtores e engenheiros de som são defensores do “minalismo” ou seja usar o mínimo para fazer um música soar. Essa dica é preciosa para nós que estudamos, pois muitas vezes temos mania de colocar tudo o que queremos e na hora da equalização tudo vira um bolo inaudível. Quanto mais instrumentos, mais cortes precisamos dar. Fazer músicas do estilo synth pop, hard rock, hair rock, new age é complicado muitas vezes porque leva muitos instrumentos e eles precisam serem dosados. Possivelmente esse foi um dos motivos que levou o pessoal a fazerem músicas mais simples sem contar que podemos destacar mais o volume nelas.

5)Divida tudo
Ainda na contra mão dos produtores famosos, podemos fazer outra coisa: arquivos e juntar tudo no final. Conversando com amigos meus que estão gravando em casa ou que estão montando estúdios, muitas vezes é melhor fazer todas as seções separadas e juntar tudo num só arquivo. Como assim? Veja os passos:

A)Primeiro pegue o Aux da bateria e equalize/comprima a mesma da maneira que achar melhor.
B) Após isso de um “render” e deixe a toda a bateria somente numa pista. Trabalhe agora com o baixo e os instrumentos que faltam.
C)Agora crie novamente os" busses" e coloque as pistas do render neles (por exemplo: bateria, baixo e guitarras, teclado e voz) e com um equalizador linear aumente o que você quer destacar e diminua o resto para deixar o som passar (a voz por exemplo).
D) Coloque um plugin de masterização no master.
E) Mande para o CD.

Abraços e ótimas gravações!

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