sexta-feira, 31 de julho de 2020

Gravação – Som fraco? Dobre!

Ter um Home Studio muitas vezes é uma agonia sem fim.
Uma hora é porque você não tem os equipamentos necessários, a outra é porque não tem ambiente, a outra é porque falta produção, e a outra porque falta conhecimento e a verdade é que um "estúdio caseiro" sem ser projetado pelo "parâmetros" profissionais (ou seja calcular tudo para nada dar errado ) torna-se uma coisa "decepcionante" e por isso a maioria das gravações que fazemos é mais para "amostra" do que para comercialização (já vi muita gente boa desistir por causa da decepção). Porém ter um equipamento simples não signifique que você não possa fazer produções e idéias profissionalmente (não esqueça que o detalhe entre você e uma grande gravadora é sempre a produção, a execução, conhecimento e o equipamento) porém sair "gravando" sem ter o mínimo de conhecimento musical é um pouco de "loucura" (apesar que isso foi o diferencial das bandas punk dos anos 70). Nos anos 60 e 70 quando os equipamentos ainda estavam na fase de "aprimoração” surgiu uma idéia bem simples para fazer o som "ficar maior", a "dobra". Provavelmente você já leu em algum lugar sobre isso, fazer "dobras do no som" ou seja, "gravar um por cima do outro" a fim de "engordar" o mesmo. Quando a banda inglesa Queen gravou o albúm "Night at opera", Brian may falou na revista "Cover Guitarra" que eles fizeram "tantas dobras" que foram obrigados a colocar no disco "gravado sem o uso de sintetizadores" e o disco é magnífico. Agora você voltando para seu mundo como
pode fazer isso? É o que vou explicar.

1)A diferença entre "dobrar" e "clonar".
Dobrar é gravar o instrumento ou voz escutando como guia mesma coisa já gravada. Clonar (ou copiar) é pegar a pista que foi gravada colar na próxima pista e colocar algum efeito em cima.
Teoricamente hoje em dia você não precisa dobrar e só clonar mas pistas clonadas não funcionam como pistas dobradas e justamente porque uma dobra é diferente da original (devido ao fato de refazer algo manualmente muda o tipo de feeling) e porém é muito comum dobrar a pista usando equipamentos diferentes e efeitos (por exemplo, um reverb na esquerda e um delay na direita com dois equipamentos totalmente diferentes mas partindo de um único instrumento) que dá origem a fomosa ligação em Y o a famosa ligação Y+A+B (um cabo Y que vai para 2 divisores) E assim por diante. Algumas lendas dizem que famosos guitarristas chegaram a dobrar 24 vezes numa mesma gravação só para escolher os melhores timbres.

2)Camadas
A criação de camadas é algo bem interessante pois com ajustes certos ela faz com que seu som pareça mais real. Como sempre comento o som gravado nunca é o som real e por isso há processos para deixarmos próximos ao mesmo o ainda acrescentar um diferencial na música. Porém toda camada vai gerar conflito de fase e isso devido ao fato que todas elas serão gravadas de forma parecida e por isso aqui você deve usar com sabedoria efeitos e truques de pan e equalização. Camadas não significam somente “deixar o som grande".Ele pode ficar também sem espaço!

3)Efeitos que dobram
Muitas vezes já falei sobre delay, chorus e reverb e um dos motivos de eles serem efeitos primários (seja nos processadores, sintetizadores, mixer digitais e até amplificadores) são justamente porque reforçam o som. Usa-los com sabedoria é fazer com que sua gravação sobressaia sobre muitas.

4)O metrônomo.
Para você dobrar uma pista com precisão precisará sem dúvida do metrônomo para manter o tempo certo da dobra. Muita gente pode dizer: não preciso disso me oriento pela bateria, mas o que vai acontecer se sua gravação estiver "poluída demais" e você precisa dobrar a mesma pista somente escutando ela em solo?Sem metronomo fica difícil!Minha dica é você baixar ou comprar o método "Bona de teoria musical" que seguindo o mesmo com um metrônomo, logo você estará craque.

5) O analógico e o digital
Nem tudo que se dobra fica bom. Por exemplo, dobrar uma guitarra pesada é uma boa pois aumenta a presença da distorção no som se precisar de uma “tonelada” de ganho porém dobrar a voz pode ser boa ou não, pois ao invés de um som maior você terá um "chorus" (o certo é se for para dobrar colocar em tons diferentes seguindo a triade) e no mesmo caso a bateria, uma caixa dobrada é uma boa, mas um bumbo ou um xipo não. Porém se existe uma coisa em
que dobrar que faz diferença é resolver o "conflito" A/D sem precisar de conversor. Isso porque logicamente um DXi/VSTi (Instrumentos virtuais), samples e General Midi (vindo direto dos sintetizadores) trabalha com sons dobrados (passam por vários processos até chegar no seu estado final) por isso dobrar baixo, guitarra, violão e o vocal podem reduzir
drasticamente essa diferença entre o "O analógico e o digital". Um fato curioso da década de 80: como houve uma evolução geral nos equipamentos muitos engenheiros de som prefeririam duplicar uma pista do que dobrar e assim carregar no reverb. Porém perto de 1985 eles voltaram a dobrar pois viram que a distância entre o vocal e os instrumentos aumentaram demais. Isso fica bem claro nas músicas synthpop e eletrônicas entre 1981 a 1986.


Ótimas gravações!

Postado por:
Rafael "O KH" Dantas
Autor do blog Palco KH
Músico e Técnico em T.I
OMB:13850 (pelo menos era)
Contato:
rafael.kh@gmail.com
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