Para começar o ano de vou falar sobre uma conversa que tive com um amigo meu esses dias.
Ele está finalizando um trabalho e acha que está demorando demais porque o dono do estúdio não acerta a mixagem, pois que deixa lá com o som mais comercialmente possível. Primeiramente expliquei que um dos maiores problemas dos estúdios é justamente a pressa do cliente! A pressa além de gerar "gastos extras e resultados ruins" coloca muita "pressão psicológica" em quem está mixando, visto que mixagem é igual a tocar: precisa ter paz de espírito.
Geralmente se me pedem pra mixar, estabeleço um prazo e não me preocupo muito se a pessoa for mixar em outro lugar devido a isso mas porém pra quem grava em casa e quer levar "no peito" a primeira coisa que se ter mente que gravar é a parte mais fácil (se você vai ter um desempenho excelente ou péssimo daí é com você) e ajustar pra gravar e mixar é o mais complicado.
É por isso que hoje vou comentar sobre certos "desafios" que passo ao gravar sozinho e como procuro evitá-los nas próximas gravações. Lembrando que sempre aqui falo em "gravar em casa" porém se você quiser experimentar em estúdio também está valendo. Vou colocar a seguir alguns "espectros" de áudio normalmente que encontramos quando usamo um "analisador de espectro".
Vamos lá!
Primeiramente, observe a figura abaixo e acompanhe logo abaixo as descrições de cenário. Se quiser ampliar a figura, basta clica em cima.
Cenário 1
Aqui temos a mixagem em si "crua" ou seja, não há definição de quem é "prioridade" no áudio. Geralmente assim você irá escutar o que "quiser escutar" ou seja, seu ouvido irá se concentrar numa das frequência e assim você irá escutar somente ela porém para isso é necessário alguns treinos. O melhor deles é pegar uma gravação de uma música que você goste muito e tentar adivinhar quantos instrumentos tem, quantas vozes, quantos efeitos, onde está cada coisa em seu campo estéreo/panorama (lado direito e esquerdo) e anotar num papel. Você pode até errar tudo, mas esse treino será essencial para sua mixagem.
Cenário 2
Aqui é a equalização que todo mundo usa inicialmente ou seja "chutômetro". Eu já fiz muito isso e geralmente é feito assim puramente por falta de paciência e é uma "faca de 2 gumes", pois pode ser um "fracasso" ou um "sucesso" e ambas as coisas não são garantidas. Porém já vi muita mixagem ser "salva" por isso tipo quando a música está "meia boca" mas elas estavam com um bom ajuste de gravação (seja com volume, panorama e equalização) dos instrumentos que neuralmente são feitas com bons equipamentos.
Cenário 3
Normalmente se você pegar um analisador de espectros é assim que você vera a mixagem comercial masterizada. Todos os instrumentos estão equilibrados e são mais destacados. Logo abaixo temos música "The Entersadman" (um dos maiores sucessos dos anos 90) da banda Metallica, umas das poucas músicas onde conseguimos ver as pistas separadas que estão disponível na internet. Viram como não muda quase nada? Porém observem bem a linha onde está a linha da voz, baixo, guitarras e bateria. As faixas entre 80 - 320 Hz é onde fica a maioria dos harmônicos. Isso será essencial para a separação dos instrumentos no "campo estéreo". Já as frequências entre 2.5 - 12 kHZ representam o "brilho" que dará sentido aos ouvidos. Porém isso muda de acordo com cada instrumento.
Entendeu mais um pouco? Agora novamente vou falar 10 dicas que já falei e aproveitando que falo de novo atualizei algumas!
Dicas (repetidas e atualizadas)
1. Conheça bem o estilo que está mixando
Você não pode tratar um funk carioca como um rap, um rock como um pop ou um sertanejo clássico como um sertanejo universitário pelo simples detalhes dos instrumentos. Um funk geralmente é só a batida e a fala, já o rap além da batida, tem as camas, riffs e o baixo, o rock a voz e o destaque como no pop, porém no hard rock a voz e a guitarra tem que casar.
Enfim, conheça bem o que está fazendo!!! Aproveite que na internet tem vídeos sobre assunto e nunca se esqueça de trocar ideias com outros. Fazer partes de comunidades no Facebook é sempre uma boa dica!!!
2.Nem sempre o que você grava é o que fica bom
Isso acontece com frequência com os guitarristas, violinistas e baixistas. Muita vezes um timbre perfeito ao vivo pode não casar com a gravação. Uma maneira bem simples de explicar é por causa do campo estéreo. Ed Van Halen tem timbres avassaladores no primeiro Álbum do Van Halen (basta escutar Ain´t Talkin´´Bout Love, Atomic Punk, Eruption) porém se você der um "pan" nos canais vai ver que o direito a guitarra está "seca" e o esquerdo está "com efeitos". Metallica grava sempre com "camadas de distorção" ou seja, começa com uma leve e vai aumentando e na mixagem define o timbre dela. Esses dias escutei uma gravação de uma música metal bem pesada. Quando perguntei para o guitarrista o que ele tinha feito ele disse que não sabia porque tinha gravado a guitarra com "Drop C" (a mesma afinação do Black Sabatth) e usado apenas usando o clássico "Boss distortion" em camadas!
Com os baixistas o problema que eles querem que o baixo "fique aparecendo sempre" como numa música comercial, porém gravar com todo grave do mundo não vai dar presença e sim trabalho para mixagem. Um truque é gravar o baixo umas 3 vezes em 3 configurações diferentes e ver qual encaixa na música. "Molhar o som" (com um chorus ou flanger) também é uma boa pedida. Já os violinista podem apenas comprimir (usando 4:4 de compressão ou mais) principalmente quando há dedilhados. Porém um efeito como reverb não faz mal a ninguém.
Os vocais particularmente gosto de usar camadas. Ontem estava escutando um música de um cantor de sertanejo universitário e fiquei impressionado com a quantidade de camadas. Algumas das vozes principais nem era ela que cantava! Se funciona com eles, porque não funciona com você? Teclados ou pianos exigem certos cuidados. Teclados quando sintetizam algo (sopros, órgão, gaitas, leads) costumam pegar um "longo" espectro (de 50 Hz até 12 kHZ) por isso muita gente prefere começar com um "low self" em 10 kHz e ir ajustando o som. Isso também dá para fazer nos outros instrumentos.
Já a bateria como não tenho muita prática (acho que só mixei até hoje umas duas) pode começar por "peça por peça" ou ainda um modelo muito usado ultimamente é gravar um lado (que seria o xipo, tom 1, prato de condução) e o outro (que seria tom 2, surdo e prato crash) e deixar o bumbo no centro junto com a caixa ou ainda gravar "tudo ao vivo" e colocar em uma pista da mixagem, porém particularmente essa é uma das partes da mixagem que requerem algum estudo (procure videos e métodos) pois depois do vocal e da guitarra é a parte mais complicada!
A dica para "loops", "samples","Midi" (direto do teclado) e "VSTi" primeiramente é escutar junto com a voz e ver o que dá para alterar o não. Você deve lembrar que eles já estão com as "frequências fundamentais" equalizadas e cabe a você ou não mexer nessas frequências ou deixar como está. Se elas não atrapalharem a voz ou instrumento solo, basicamente não há porque mexer.
3.Abuse dos VSTi!
É isso mesmo que você leu! Os estúdios abusam dos VSTi (que são os plugins que simulam instrumentos) principalmente no pop e nos estilos eletrônicos. Eles podem ser uma boa alternativa pra quem grava sozinho.Em breve vou fazer uma apostila explicando como usar os mesmo, por enquanto veja essa postagem.
4.Fones de ouvido e instrumentos gravados em estereo
Isso é uma coisa que aprendi recentemente embora não seja novidade em gravação/mixagem. Os profissionais do ramo pede para você evitar de mixar com fones de ouvido porque o som "da cabeça" da um panorama "errado" do som de "fora". Porém nada te impede de testar os efeitos que vai em cada canal usando os fones!
Esses dias tive que tocar em cima de uma midi um trilha de piano e cada nota da guitarra tinha que estar no tempo da trilha e como fazer isso? Muitos dirão com o metrônomo (que é o correto) mas para ver se o som estava "idêntico" bastou colocar a trilha da midi no lado esquerdo e da guitarra do direito e checar com o metrônomo se cada nota correspondia!
Isso pode ser usado para "dobrar" vocais, guitarras, violões, separar peças de bateria ou partes de piano/sintetizador. Se tudo estiver correto o efeito final será como um "chorus".
5. Tenha boas referências!Abuse das "Only tracks"
Novamente repito: abuse de pistas separadas que a internet oferece! Isso irá ajudar muito a você compreender como funciona a gravação em estúdios profissionais. No "you tube" está com muito material sobre o que você imaginar sobre gravação, mixagem, produção, masterização... O problema é que 90% deles são em inglês e muitos não possuem a opção CC (close caption), então faça um esforço para aprimorar seu inglês! Veja por exemplo esse vídeo mostrando a genial "mixagem" do álbum "The night opera" do Queen:
6. Tenha em mãos uma tabela de frequencias (Chart Frequency)
Ter uma tabela de frequência pode te ajudar a equalizar melhor. O site "Independent Recordig" possui a melhor tabela de frequências da internet na minha opinião Isso é bem essencial para entender como se comporta cada instrumento em determinada frequências. Para reforçar a ajuda coloco esse vídeo que explica o que é o "Chart Frequency". Ouça ele em seu monitor de áudio ou num bom fone de ouvido.
7. Escute algo totalmente diferente
Muitas vezes nos apegamos a ritmos que gostamos. Conheço amigos meus que gravam rock e não gravam sertanejo justamente por não ter "intimidade" com estilo e assim como amigos meus que gravam sertanejo e não gravam rock.
Você pode gravar qualquer estilo que quiser, desde que você tenha noção como funciona. Dos livros de gravação que eu li todos dizem que o pior de tudo é gravar "uma orquestra clássica" ou uma "trilha sonora" porque são tantos canais que chegam a dar um nó na mente, e o resto é só seguir as regras comuns ao estilo.
Quem quer mixar deve-se esquecer as preferências pessoais e se concentrar na mixagem. Um truque bem simples é dar um tempo e começar a escutar algo diferente do que anda fazendo para ter ideias.
Não é o estilo que vai te dar isso e sim como ele foi equalizado.
Está gravando um sertanejo e quer dar "gás" a guitarra solo?Escute um rock!Está gravando rock e quer dar mas "destaque ao bumbo?" escute uma música eletrônica. Está gravando um funk e quer dar mais destaques ao loops?Escute um rap e assim por diante.
Essa regra você talvez escute várias opiniões sobre ela e de certa forma é uma coisa pessoal minha. Foi algo que encontrei para detrair meu ouvido.
8.Ouça em todos os volumes
Um erro comum principalmente feito por músicos que gravam em casa é achar que ao "mixar" baixo quando for colocado num volume alto o som saíra igual, só que não. Um produtor me explicou uma vez que muitas gravações boas pecam no numa frequência quase insignificante chamada "tiny box" (pequena caixa) que fica entre 400 - 600 Hz e ao mixar num volume "baixo" não ouvimos essa frequência pois é aonde fica a maioria dos harmônicos.
Para entender melhor, vamos supor que você esteja mixando e o "knob de volume" vai de 1 a 10. Começa primeiro mixando com o volume em "8" com algumas mudanças pra "7". Quando achar que está bom, aumente para 10 e vá diminuindo e veja como fica.
Se tudo estiver bom, todos os instrumentos ao chegar num 1 tem que estar mais ou menos iguais. Lógico que não serão todos pois depende do estilo musical e quem você quer dar destaque.
Uma boa dica é dar um "fade out" (girar o knob até ficar no zero) e ver qual é a última pista que você escuta. Geralmente essa é que está mais alta na mixagem.
9.Ganhe "views" grátis!!!
Muita gente apela para o "facebook" para divulgar suas músicas, porém isso às vezes não dá certo porque como são tantas pessoas fazendo isso, geralmente você ganha o "like" sem ninguém escutar. Porém existe um truque muito simples para ganhar "vários views" no "You Tube" sem precisar gastar nada.
Você já viu certas músicas que ganham "views demais" e são uma verdadeira porcaria e sua que é boa não ganha nada. Como pode isso?
Porém você nunca notou que a quantidade de "views" não fecha com a quantidade de "Like"?
O truque é bem simples: o you tube aceita apenas acesso de um "ip" (no caso de um único computador) somente uma vez ao dia. Quando seu computador olhar seu vídeo ele irá marcar como "visto" naquele dia e você ganha 1 "view" (visto). Se seu computador olhar o mesmo vídeo no outro dia ele irá marcar "visto" novamente e assim você já ganhou 2 "views"!
Este truque está sendo usado pelas produtoras menores há tempos. Imagine uma "lan house" com 15 computadores e seus amigos entram em cada computador e olham seu vídeo, você terá 15 views naquele dia. Agora faça conta por mês 15 (amigos) x 30 (dias) dá 450 views! Quanto mais gente melhor! Porém todo "truque" tem consequência.
Nesse caso além de você ter que apenas "um view" por dia, você tem que escutar a música e o "like" ele só marca uma vez por usuário. Por isso meu conselho é sempre entrar "anônimo", você poderá não marcar "like" mas seus "views" sempre será marcado!
10)Estude e mostre o que anda fazendo!
Sempre será a dica mais importante de todas. Só porque você é amador não significa ter que fazer as coias como um amador. Você pode sim atingir níveis próximos a de estúdio basta querer!Lembre-se que você está mixando para si mesmo!
Não adianta "colocar na internet" ao menos que você tenha certeza que tudo está pelo menos 80%. Mostre para seus amigos, para outra pessoa que grava e veja as críticas positivas e negativas. Quando colocar na internet, esqueça da música por um mês, depois tente fazer uma nova mixagem.
Essa geração é privilegiada numa coisa: informação!
Tudo está internet basta estudar! Porém é altamente aconselhável fazer cursos, principalmente quem mora nos grandes centros! Faça sua parte e deixe que a história cuide do resto!Lembre-se:
Quem não é visto/ouvido não é lembrado!!!
Ótimo 2015!!! E ótimas gravações!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário