Quando era adolescente (ou até antes disso) meu primo que era guitarrista da mesma idade de Curitiba que já tinha banda e um monte de menininhas apaixonadas por ele! Eu achava que aquilo era o máximo e também inventei de querer aprender violão. Parece uma coisa bem “torpe” mais até Gene Simmons do KISS disse numa entrevista que quis ser baixista depois que foi num show dos Beatles quando adolescente e ouviu as fãs gritando “fuck me” pelo retorno do palco. Porém a medida fui estudando me apaixonei pela coisa e não havia pra mim mas nada que me importasse a não ser querer fazer música. Uma das coisas que mais me entristece é saber que alguém que amava música desiste de tudo quando adulto porque depois de anos na estrada, acha que ela não leva a lugar nenhum. Quem somos nós pra julgar os outros? Não podemos criticar só podemos entender. Eu mesmo hoje em dia fico mais em casa gravando do que no palco e muito de nós procuram uma maneira de canalizar “seus sentimentos” com a música e por isso há tantos fantásticos compositores por aí. Porém se alguém me pedisse um conselho diria: “se você quer seguir uma carreira há certas decisões que você vai ter que tomar pois tudo está em suas mãos”. Veja abaixo umas situações pessoais que já passei:
A)Tocar pra sempre música côver ou partir para o trabalho próprio?
Qual é o seu objetivo? Não faço a mínima idéia, por isso novamente parto das minhas próprias experiências. Quando tinha 14 anos fiz minha primeira música e até os 18 anos antes de pegar valendo no estudo ficava mais compondo do que tirando. Tive uma banda que meus amigos queriam ficar só tocando côver e até confesso que nos 2 primeiros anos não dei bola pra isso pois estávamos na fase de “no round” (tocar sem parar) mas porem a partir do 3º ano eu e o baterista começamos a cobrar músicas próprias e por isso foi o fim da banda. O público gostava das nossas músicas mais o vocalista e o baixista preferiam tocar côver do que elas e sinceramente música pra mim é como “um filho” assim pra mim isso era um sacrilégio! Porém já em outra banda, apesar de termos duramos apenas 1 ano desde início começamos tocando música côver e próprias. A banda acabou, mas até hoje o vocalista dela segue esse principio e possivelmente ainda vou ouvir falar muito dele! O meu ponto de vista é que música côver é bom no início, mas depois se torna complicado e já música própria é a ponte para quase tudo: reconhecimento, sucesso, fama, mensagens para as pessoas e algo para ser lembrado pela história. Isso é uma opinião pessoal, muitas pessoas com certeza irão descordar de mim!
B)Devo permanecer com meu estilo ou arriscar em outro?
De novo vou falar de experiência pessoal. Nós não escolhemos um estilo (por exemplo rock, pop, sertanejo, samba) ele nos escolhe. Quando temos inclinação para um estilo sempre vamos fazer ele e apesar de repente escolher outra coisa sempre iremos acabar fazendo o que gostamos. Sempre dizem que meu som lembra anos 80 e 90. Confesso que ficava chateado no início porque estava buscando fazer algo diferente mas agora faço questão de fazer isso porque é o que está meu sangue pois cresci ouvindo isso. Se vai me dar alguma coisa eu não sei, só sei que é o que faço. Muita gente que conheço que mudou o seu estilo se “ferrou bonito” porque como não era o que queriam fazer no CD até mandavam bem, mas ao vivo dava pra ver a “falta de alma e fazer o que gosta” nos seus rostos e o público repara nisso.
C)Cante sempre
O maior erro da minha vida foi não cantar quando tinha meus 20 e poucos anos. Comecei a fazer isso perto dos 28 anos, e descobri que apesar de não ser um “super cantor” se eu tivesse tampado o ouvido para certas criticas e ter me empenhado mais em cantar, minha vida poderia ter sido hoje. Por isso digo que não fique preso ao instrumento... Cante! A voz sempre foi o primeiro instrumento musical que o homem teve e ainda é o o melhor....
D)Seja amigos da pessoas e aprenda com elas
Ser amigos das pessoas é fundamental nesse meio. Ser amigos de músicos para compartilhar o conhecimento e fazer parcerias; ser amigo do público para eles além de amarem suas músicas, te amar como pessoa; ser amigos do fãs para sempre terem motivos de querer te escutar. Como tudo na vida, ser amigo sempre abre portas. Porém evite de ser “puxa saco”. Isso pode funcionar com algumas pessoas (aquelas que se acham endeusadas) mas na maioria dos casos não funciona. A maioria dos músicos que são famosos o que estão indo para esse caminho são muito amigo das pessoas.
E)Aparência e equipamento
Em tempos de internet e MTV algumas coisas ficaram muito “distorcidas”. Primeiramente quando há produtores que pra defender suas “crias” dizendo coisas do tipo: “a voz não importa e sim a atitude” então realmente, a aparência e o equipamento andam contando porém não é tudo como dizem. Me lembro de um bar que antes de contratar minha banda queria ver o equipamentos que nós tínhamos, pois o dono dele dizia que “músico bom, tem coisas boas” e nós perdemos o contrato. Num certo ponto é verdade, você já viu um grande baterista sem uma bateria de marca? Ou guitarrista bom sem uma guitarra de marca? O melhor professor de música que tive usava equipamento de 3° linha por acreditar que tudo estava nas mãos. O segundo professor a mesma coisa. O terceiro também. Particularmente eu acredito que se você tira “água da pedra” você consegue fazer qualquer coisa! Lógico, uma coisa é usar equipamento simples e bom, outra coisa é usar “um desastre sonoro”!!!
F)Porque não me valorizam?
Pra finalizar lembre que você pode ser “um dos melhores do mundo” e ainda não ser valorizado! Se não te valorizam, o problema deve estar em você, em suas companias. A visão do músico apenas mudou para sociedade. Dos loucos rebeldes dos anos 50 para os adolescentes comportados de hoje em dia. Fazer sucesso com música ou pelo menos viver somente dela é uma batalha dia e noite é uma das poucas profissões onde não há descanso ou férias tudo é sempre uma luta, mas o sabor da vitória fica pra sempre!
Como uma disse o saudoso Wander Taffo: tudo que você fizer tem que ser bem feito pois você fará na frente das pessoas!
Abraços!!!
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