segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Gravação: preparando para gravar

Pra começar a semana, vamos falar sobre a checagem da parte mais importante da música: a gravação. O que vou falar pode até parecer simples para um monte de gente, desde iniciantes a profissionais, porém em várias gravações é só colocar um brick wall entre 50 – 80 Hz, para ouvir “um monte de ruídos conjuntos” que possivelmente vão aparecer em 10 – 16 kHz depois em uma masterização. E de onde vem esse ruídos? É o que vamos abordar hoje nessa postagem.

1.Fonte de ruídos
Ruídos podem vir de vários lugares: o microfone do bumbo que está pegando o “click” do pedal, a guitarra que está mal aterrada e o músico ainda acrescenta “distorção” na mesma, o amplificador do baixo que está com algum transistor queimado, o ambiente mal isolado ou isolado demais, o vocalista que inventou de gravar com o microfone em punho, a tecladista que deixou as unhas comprimidas demais e agora toda as notas saem “pianíssimo”, o computador da gravação que não está aterrado, o horário (uso excessivo de coisas ligadas), a mesa de som que está com “knobs” velhos demais (o fósforo dentro deles está gasto e qualquer “fade” faz ruído e pode acontecer com todos os equipamentos), violão que está trastejando, e mais um monte de fatores. Porém de todos eles o maior causador de ruídos são os cabos. Quando um cabo de som está com defeito, é impossível fazer alguma coisa (muitas vezes locais mal aterrados podem se salvar usando corretamente o noise gate) pois o problema está na origem do som. A maioria das gravações são “vítimas” desse mal. Pra quem grava em casa não é problema (pois podemos pensar como solucionar com calma) mas imagine alguém que tem estúdio e acontece isso? Pode causar um “desconforto” para o cliente. É por isso que mesmo quem grava em casa é sempre bom ter cabos duplicados pra tudo. Sempre é bom revisar todos os cabos, pelo menos a cada 3 meses.

2. Som branco
Vocâ já deve ter falado em “som branco” (white noise) e “som rosa” (pink noise) e qual a diferença entre os dois? Nenhuma. Os dois significam um “ganho de amplitude” indetectável para o ouvido humano (somente osciladores e plugins analyser enxergamos os mesmos). Na prática, toda vez que gravamos uma pista, e acrescentamos outra para continuar gravando, geramos um som branco. (ou seja o acréscimo de pistas: bateria, baixo, guitarra, teclado, voz) e dependendo como está a qualidade da gravação ele amplia para um som positivo (tudo nos seus lugares sem ruído) ou negativo (gravação com ruídos). Você não perceberá na hora, mas quando finalizar o seu CD será toda a diferença entre ele ficar “transparente” ou “abafado”.

3.Ambiente
Durante muito tempo, engenheiros de som defendiam ambientes abertos. Depois mudaram para defesa de ambiente fechados e agora, todos chegaram num consenso:
O ambiente pode inferir em gravações de microfone (por exemplo adicionar um reverb extra) porém quando temos ruídos nas gravações o maior fator é o ambiente externo. Eu não lembro qual o artista, mas eu sei que eu estava ouvindo um CD dele e numa determinada música você escuta um “vrumm” numa parte que só toca o baixo e a bateria. Fui pesquisar na internet e li um artigo que no estúdio onde eles gravaram fica do lado de uma highway (alto estrada) e possivelmente esse era o ruído de algum carro ou caminhão. Possivelmente não mexeram porque o ruído casou com a música (veja isso melhor no item 6).

4.Noise Gate
Sem duvida, uma das maiores invenções de estúdio. O popular NS ou Gate faz com que o ruído do instrumento seja “neutralizado” quando o mesmo está em repouso. A maneira mais simples de detectar se um cabo está corrompido ou se sua energia está com problemas é usar um gate fazendo o seguinte. O gate padrão é - 32 “threshold” e uns 10 de “decay”. Se você continuar ouvido ruídos em repouso vá aumentando de 5 e 5 (39, 25, 20) o “threshold” . Se chegar em – 10 dB e há ainda algum “ruído” você pode ter a certeza que algo está errado no cabeamento, energia ou instrumento.

5.Ajuda do equalizador
Você já deve ter visto em plugins de equalizador paramétrico um “preset” chamado “cut hum in 50 - 60 Hz” mas você sabe o por quê? Pois aqui está a maioria dos ruídos elétricos da música. Cortando aqui, você tem a garantia que ruídos elétricos não apareçam no master depois entre 10 – 16 kHz. Porém assim como o “autotune” o equalizador e o noise gate servem para resolver coisas “leves” e não pesadas”!


6.Horários
Você já notou que em entrevistas os músicos famosos sempre falam em gravar mais na parte da noite depois das 22:00, madrugada ou ainda em períodos pela manhã das 04:00 às 09:00? Coincidência? Será por que todos são madrugadores de tanto fazer show? Na verdade que determina isso é o produtor por um simples motivo. Nesses horários as pessoas estão dormindo ou acordando, e assim além do barulho externo não existir as quase não há uso de aparelhos eletrônicos que podem poluir com ruídos elétricos (o chamado tráfego de eletricidade). Faça um teste: tente gravar das 10:00 às 14:00 e das 18:00 às 20:00 para você ver como a rede elétrica por mais filtrada que seja sempre fica com ruídos.

7.Equipamentos problemáticos, coloração diferencial
Em muitos casos aparelhos e cabos problemáticos podem se tornar um “tempero” na música. Quando Robby Kriegger do The Doors fez a introdução da música the “end” aquele efeito demoníaco do início (que lembra um ventilador) na mais é o mesmo tocando numa guitarra com os captadores com fase invertida. Em algum ponto da gravação houve um acidente com uma das guitarras (provavelmente caiu no chão) e o captador ficou fora de fase. Ele achou interessante o barulho que a guitarra fazia e decidiu gravar. Tom Morello disse em que muitos efeitos de percussão usado no Rage Against Machine o seu preferido é pegar um cabo, bater na ponta do plug e controlar o ruído que ele emana com um wah ou whammy. Por isso muitas vezes, aquele “ruído” ou barulho que pode ser uma sujeira, também pode ser uma cartada, quando colocada em outro local.

Boa semana!!!

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