quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Entrevista Joe Chiccarelli

Traduzido do livro "The Enginners Handbook Manual" Um dos maiores engenheiros de som e produtor Joe Chiccarelli dá suas dicas!
Esse "mestre" já trabalhou com: Tori Amos, Etta James, Beck, U2, Oing Boingo, Shawn Colvin, Frank Zappa, Bob Seger, Brian Setzer, Hole.

Quanto tempo você demora para mixar uma música?
Depende muito do material, a quantidade de pistas e o arrajamento. Eu tento trabalhar rápido. Eu acho que com trabalhos demorados você pode perder o foco, se atolar e ainda deixar de lado pequenos detalhes. Você perde o sentindo da música, o que ela representa e sua alma, por isso gosto de mixar em apenas 8 horas. Em três horas pego a gravação, seus sons básicos e seu sentimento. Em seis horas eu tenho todos os balanços e começo a finalizar o som. Após isso chamo o artista para ouvir comigo o resultado sempre com opção de voltar no outro dia. Quando eles voltam tentamos chegar num consenso comum e obvio que você verá pequenas coisas que andam passando despercebidas, porque após ficar o dia todo trabalhando com isso seus ouvidos ficam cansados eu começo a colocar volumes muito altos ou exagero no echo.

De onde você parte para mixar?
Eu não tenho sistema pois sempre trabalho diferente a cada música pois o que importa é achar como colocar a canção no centro ou fazer com que ela pegue. As vezes começo pela seção rítmica, as vezes construo tudo em torno do vocal. Gosto de primeiros começar pelos Faders deixando tudo no mesmo volume e deixar todo balanço em “flat” para ouvir como é a canção pra depois começar a trabalhar.

Quando você está mixando você varia de canção para canção ou prefere deixar tudo no mesmo padrão?
Eu procuro variar de canção para canção, porém deixando o mesmo tratamento de reverb e o mesmo tratamento para as baterias. Eu tento deixar o mesmo nível de consciência porém tratando uma canção diferente da outra. Pessoalmente gosto de gravar os takes em 10 ou 12 lugares diferentes.

Você acrescenta efeitos na mixagem?
Eu começo sem e quando vejo que o som está muito “sem sal” vou acrescentando aos pouco para dar personalidade.

Você tem um setup de efeitos próprio?
Regularmente gosto de usar um AMS Hamonizer usando um lado com “pitch up” e o outro lado com um “pitch down” bem leve. Em algumas músicas trabalho sem reverb porém outras coloco em tudo. Meus reverbs saem de processadores Sansamps ou de equipamentos como o Roland Space Echo ou até de pedais. Eu acho que há muitos mais personalidades em “high end” feitos usando pedais de efeitos.

Você tem problemas com barulhos e ruídos?
Claro, mas temos que se adaptar a isso. De vez em quando um ruído pode dar personalidade ao som, pedais baratos tem esse problema. Tenho comigo alguns pedais que me dão uma coloração bem diferente do que as coisas digitais trazendo brilho a pista. O novo pedal da Sony VP55 está com presets muito bons. Eu gosto disso porque esse fica som irá ficar “denso” ao contrário das gravações digitais caseiras que possuem muito brilho de coisas digitais. Gosto muito de um EMT real ou de Câmara real. Para mim um bom reverb análogo ou echo análogo é mais fácil de ajustar do que fazer 4 ou 5 canais digitais virarem um só.

Quando você usa usa uma câmara ou um ambiente real tipo plate (redondo) você coloca também um pré delay?
Eu uso muito um DDL (digital delay) para isso. Muitas vezes faço dois delays separados virarem um. Eu uso isso muito em vocais para colocar eles no ambiente inicialmente com eco, pois separadamente esses sons ficarás grandes.

Como você começa a equalizar?
Depende muito do projeto em particular. Isso depende como foi gravado o material e quanto será necessário trabalhar em cima dele. Bob Clearmountain é um dos gênios que sabem onde “mexer” e “não mexer” pois é o segredo: saber onde aumentar/diminuir e saber onde não fazer nada, deixar tudo como está. Eu tento seguir isso mas confesso que não tenho medo em aumentar +10 dB se for necessário. Uma coisa que uso bastante é o “Spectrum analyzer” (analisador de espectro) que mostar como está o estéreo, o “high end” (final acima de 20 kHz), “bottom end” (freqüências entre o grave e o grave médio 50 – 120 Hz) e “low end” (final abaixo de 20 Hz) além de separadamente ver na voz onde tem mais “sss” e “sibilance”. Eu sei que em muitas gravações com analisador posso ver quais as freqüências estão corretas, com falta ou com excesso demais.

Você procura um tipo de “curva” ou algo que pareça legal?
Procuro balanços entre as oitava nas freqüências médias. O que está demais em 30 Hz pode não estar tão poderoso em 50 – 80 Hz. Quando gravamos em muitos estúdios um problema de “controle de áreas” devido há algumas aparelhagens usadas que podem afetar as freqüências próximas aos médios graves. Por isso sempre cuido isso.

Como você faz o panning (posicionamento dos pans)
Uma das coisas que eu faço é deixar tudo bem posicionado e depois ir movendo os pans em volta dessa posição. Por exemplo, se eu deixar um som perto de 3:00 (25 pan) para ajustar isso bem vou fazendo pequenos movimentos sempre buscando deixar os sons claros. Equalizar alguma coisa sem posicionar o pan pode causar conflitos com outros instrumentos, sempre procuro fazer com que eles soem juntos.

Como você chega a uma compressão ideal?
Compressão é como uma droga que você não consegue largar. Num dia tudo soa muito bem, mas no outro você perceber que tudo está demais. Porém eu tento sempre deixar o compressor num “buss” em estéreo. Muitas vezes o baixo e o bumbo ficam melhores soando juntos ou ainda quando gravados ao mesmo tempo. Procuro colocar eles juntos no mesmo compressor, saindo em pouca quantidade e indo misturando para que o som se torne grande no seu interior. Isso ajuda a tirar os mesmo do caminho do vocal.

Você usa mais reverb ou delay?
Depende do projeto. No pop uso reverb, no rock reverb com algum delay. Tento evitar usar muitos efeitos. Procuro outros caminhos para colocar reverb nos instrumentos e muitas vezes faço 2 pistas mono sendo que um coloco reverb e outra não. Prefiro usar o reverb em mono porque evita conflitos de EQ.

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