sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Composição (para refrletir)

Sei que prometi fazer postagens a cada 2 dias, porém ando dando uma descansada dos trabalhos. Hoje convido a você fazer uma reflexão sobre o é fazer uma música nesse belo texto que meu amigo Erler Gomes postou em seu Facebook esses dias. Semana que vem voltaremos (tentaremos) ao normal. Bom fim de semana!

A Composição.

Uma canção quando está nascendo, quando surge sua primeira faísca, traz consigo uma gama enorme de possibilidades. É um conjunto de sensacões, de idéias, que nem mesmo chegam a formar imagens, que ficam num terreno ainda mais abstrato do que o imagético.
Num segundo momento, algumas imagens se condensam, algumas idéias se organizam. Mas ainda resta uma porosidade, vasos comunicantes entre aquilo que começa a se desenhar e aquilo que ainda está em estado puro, sem limites, latente, caótico.

Quando a canção de fato começa a tomar forma poético musical, quando as notas e os fonemas se encontram nas frases formando sentidos, algo muito grande acontece, mas algo muito maior está se perdendo. Portanto fazer uma canção é um ato de sacrifício. Sacrificam-se as infinitas outras possibilidades em nome de algo que vai agir de forma funcional.
A canção vai parar no rádio e segue vaidosa e sedutora, arrastando quem lhe ouve como um Flautista de Hamelin. Mas, ingênua e egocêntrica, a canção finge ignorar que o grande manancial de onde ela veio lá permanece, imanente, indecifrável.
Por isso deixo muitas canções inacabadas. E as toco, de vez em quando, dessa forma, sem havê-las concluído, pois que assim conservam sua imensidão, mesmo que não consiga de fato vislumbrá-la em sua totalidade.

Assim também vejo a vida. As relações entre ego e self. Entre consciente e inconscinente.
Na vida também temos que fazer escolhas. Temos que sacrificar possibilidades em nome de um “caminho a seguir”. Por isso, às vezes, queria ser muitos, queria tomar o espaço tempo e multiplicá-lo e com ele multiplicar-me também

Dizem que guardamos em nós uma porção divina. E, se Deus é onipresente e onisciente, deve ser isso que acontece. Deve ser uma memória que essa particula guarda dentro de nós que gostaria de tudo ser e em tudo estar. A física quântica nos traz novas possibilidades de compreensão e de consciência. Em geral as pessoas acompanham os avanços da ciência como algo externo, material, que nos possibilita mais conforto, mais seguranca e prazer.
Mas algo se processa internamente na humanidade. E aí vou evocar Nietzsche mais uma vez: devemos pensar no além do homem, no super homem e deixarmos de nos comportar como meros primatas.

( Antonio Villeroy )

A melhor música que encaixa com isso tudo simplesmente é essa:



Bailes da vida foi a primeira música que toquei em público há exatamente 18 anos atrás...