sábado, 20 de maio de 2017

Produção: Você ainda considera o playback um pecado mortal?

Originalmente publicado em 20 de junho de 2015
No dia que fiz essa postagem o programa  "Superstar" de 2015 foi alvo de críticas e gozação porque as bandas estavam fazendo de conta que estavam "tocando" enquanto os vocalista cantavam de verdade.
A pergunta é: será que você tem noção quando um cantor(a)/banda usa playback , dubla o está cantando realmente?
Vamos classificar isso como o óbvio, o talvez e o improvável.

O óbvio é aquelas apresentações nos programas, todo mundo sorrindo e tocando e as notas nos instrumentos não fecham! Isso faz lembrar até de um episódio da banda Muse que ficou tão indignada que ia fazer um playback que cada um dos músicos trocou de instrumento (dando pra ver claramente que eles estavam tocando errado).



O talvez seria o caso das bandas do "Superstar" e alguns cantores que se apresentam em shows de calouro. Embora a voz seja realmente do mesmo o uso do reverb (e a falta do mesmo) entrega se ele está cantando ao vivo ou gravou em estúdio.

E o improvável é aquele show que a pessoa pagou caro para entrar e tem certeza que o cantor(a) está cantando mas na verdade há playback por trás!

A dica mais óbvia: para cantar você "arma" o diafragma e se você dançar e cantar ao mesmo tempo desarma! Claro que há pessoas que cantam e dançam ao mesmo tempo, mas pegue dois exemplos: Ivete Sangalo quando pula e dança demais, prefere "falar" o trecho da música do que cantar e Michael Jackson toda vez antes de fazer um passo de dança, havia uma "pausa" entre a voz e eles.
Pra mim são os exemplos mais óbvios que eles estão dançando e cantando, mas aquele cantor(a) que faz um "quadradinho de oito" cantando, desarma todo o diafragma e voz mantém igual pode desconfiar!
Um outro exemplo é esse erro que a cantora Wanessa Camargo fez no programa do Gugu ao errar o playback e apesar dela cantar muito bem, o playback é usado na televisão há anos justamente por causa dos preparativos para se tocar ao vivo (é solução mais prática e barata) e acredite arrumar tudo para se fazer "ao vivo" na televisão requer pelo menos umas quatro horas de antecedência para algo que vai durar apenas alguns minutos.






Mas o que você define por playback?
Por exemplo, quando um cantor(a) usa uma trilha sonora mas está cantando realmente é um playback instrumental e quando o mesmo está apenas "dublando" é um playback completo!
O assunto aqui pode ser mais útil pra quem está começando ou pra quem irá começar a se apresentar em programas de TV por aí:

Você ainda considera o playback um pecado mortal?
Claro que 99% dos músicos consideram, mas o problema é conforme você vai divulgando seu trabalho chega momentos que você não tem o tempo para armar um infraestrutura completa para se apresentar daí tem que improvisar ou deixar passar!

Certa vez fui fazer produção para uns amigos que iriam abrir o show de um renomado cantor e surgiu 2 problemas:

O primeiro foi que não havia tempo para organizar uma banda de apoio (porque os produtores do cantor não queriam) e pra ajudar uma cantora e uma dupla sertaneja também iriam fazer a abertura do cantor. Aqui havia 3 saídas:

1)Pedir para os músicos usarem a aparelhagem da banda de apoio do cantor. Foi totalmente descartado pela organização do evento.

2)Subiram apenas o guitarrista e a vocalista, mas iriam ter que tocar como uma dupla e acústico. Os dois queriam que o público ouvissem suas músicas por completo.

3)Fazer apresentação usando o "playback" das trilhas da gravação original!

Claro que a 3 escolha foi a que venceu!
O mesmo acontece nos programas de TV.
Antigamente quando a coisa tinha mais charme (e menos merchandising) a sonoplastia de uma banda era feita ao vivo, porém hoje em dia para economizar tempo, tudo é no playback. 
Um fato curioso é que programas que realmente apresentam uma banda ao vivo é que tudo é feito como num show. Os músicos (ou os rodies) chegam umas 4 horas antes para montar e passar os instrumentos, além do acerto da sonoplastia e outros pequenos detalhes e foi exatamente por isso (e pelo tempo dado ao artista) que resolveram apelar tudo para o playback e claro que a tv corre o risco de pegar um vexame como nessa postagem onde mostra 5 bandas que avacalharam com os programas de TV.

Duplas Sertanejas: as percussoras dos playback 
A primeira vez que peguei meu teclado (um Yamaha PSR 630) e vi que o mesmo tinha o "drive de disquete" já pensei: vou usar playback quando me apresentar em algum lugar!
Isso foi em 2000, há 17 anos atrás e era novidade? Claro que não!
Quando o CD surgiu lá perto de 1990 primeiramente foi uma evolução sonora.
Mas o fato daquele aparelho ser compacto e ainda mais fácil de carregar começou a dar "estalos" nas ideias de alguns músicos, principalmente os amadores. O fato é que quando esse CD começou a ser gravado em casa ou pelo menos em algum lugar, muita gente viu que podia fazer uma midi (geralmente num sintetizador caro da época como o Roland JV80 ou Korg Wavestation) ou ainda recrutar uma banda, fazer um playback de uma música e vender para o músico o CD gravado com esse(s) playback (eu mesmo ganhei algum dinheiro fazendo isso) e assim o mesmo podia sentir a sensação de estar sendo acompanhado por uma "banda de verdade".

Aqui podia até ser novidade, mas nos EUA e na Europa eles faziam isso desde 1984 
(comentarei isso em outra postagem) e o fato mais curioso é que lá quem começou com isso foi as duplas de "synthpop" e aqui no Brasil foram as sertanejas!
Não se sabe direito o motivo, mas o meu palpite era na época as bandas só queriam saber de rock, e o sertanejo não estava em alta, as duplas preferiam comprar playback seja em áudio (CD e depois o MD) ou MIDI (usando teclado com drive de disquete) do que contratar uma banda.
Alias, aqui no sul é muito comum você ver bailes inteiros tocados por uma dupla: um tecladista e outro guitarrista.
Hoje em dia você vê esse truque em quase todos os bares. Os teclados/CD/MD foram trocados pela praticidade de um notebook, smartphone ou tablet mas é engraçado ver como um avanço técnlogico no Brasil foi praticamente ignorado pelos músicos profissionais e adotado em massa pelos amadores. E o resultado?
O Sertanejo universitário praticamente é um estilo nascido desses playbacks!
E como roqueiro sempre defendi o uso deles, mas fazia parte de uma minoria.
Me lembro uma vez que fui uma festa dessas regionais.
No palco 1 havia uma dupla sertaneja com uma banda de apoio, só que além dos cantores serem uma cópia do "Zezé di Camargo e Luciano" após tomarem "água com naftalina" os músicos de apoio eram muito crus, pareciam que estavam na sua primeira apresentação. 

No palco 2 ouvia clássicos do rock, daí falei para meus amigos para irmos para lá.
Chegando lá uma surpresa:
Era um guitarrista/vocalista cantando só ose usando como playback um antigo Soundcanvas SC-55 (módulo de som) onde ele colocava disquetes com MIDI. Tanto o timbre do vocal, da guitarra e do MIDI eram tão bons que se você estivesse longe pensaria que era uma banda, como eu pensei!
Depois do show perguntamos porque um cara tão bom quanto ele não estava numa banda e ele disse:
"Já tive muita bandas e enchi o saco das pessoas brigando entre si, por isso tive essa ideia de tocar sozinho o que gosto usando playback de fundo".
Outro caso como o dele demorei para ver, mas uma coisa me deixou bem claro: nada substitui músicos de verdade, mas usar um playback instrumental num show também não é nenhum pecado!

Porém não é qualquer playback que dá para usar...
Em 2000 tanto a internet, quanto o teclado "com preço acessível" com disquete eram novidades. Por isso era fácil ganhar dinheiro com MIDI. A partir do momento que a tecnologia se tornou melhor, vender MIDI se tornou algo obsoleto, porque não valia a pena você gastar "horas" fazendo uma que podia ser disponibilizada de uma "para outra" num site. Ninguém queria pagar o "preço" por isso. Muita gente ainda faz isso hoje em dia, mas cobram um preço "bem justo" pelo tempo gasto. Além do mais, não pra usar uma MIDI mal feita.

Quando o notebook começou a se tornar "mais popular" muita gente usava (e usa) MIDI, porém deixavam o playback por conta do "GS Wavetable" que é o padrão midi feito pela Roland para qualquer placa de som. Apesar de ter um bom som, se a MIDI não estiver bem sequenciada, ele irá ficar com o som dos "tecladinhos do Paraguai" ou seja, aqueles Cássios para aprendiz.

Eu vejo/ouço muitos bons playback disponíveis no "youtube", seja por bandas (tem as pistas de gravações originais, as "only tracks") , violinistas ou pianistas profissionais que disponibilizam seus playbacks mas assim como a MIDI tem que ser bem feito, porque senão você fica a mercê de que fez o playback.

Existem plugins que cortam a faixa do "vocal" de certas músicas porém não é todas que funciona. Você pode escrever no "youtube" Karaokê e escutar o resultados. Alguns são impressionantes e outros nem tanto.

O que você tem que ter em mente que o "playback" é uma forma de acompanhamento. Você não pode tratar o mesmo como uma banda, e sim como um instrumento musical.

Para apresentações com sua música, prefira usar playback gravado em estúdio.
Usar um playback com instrumento e voz como a situação que descrevi exige uma cautela. A mixagem. Primeiro o público pode (e irá) desconfiar do playback "instrumental" mas ele não pode desconfiar do "vocal"!
Se você gravou em casa e tem certeza que a música vai funcionar como playback, então vá em frente. Se você acha que não, gaste algum dinheiro e vá gravar num estúdio!
Mas também a um fato: muita gente que aprendeu música nos últimos 10 anos de forma nenhuma acha o "playback" uma trapaça e sim uma forma de melhorar seu aprendizado. Essa história de demonizar o playback vem muito do público e assim muito músico pega carona antes de pensar no  benefício que ele pode trazer. Não seja assim! Tenha sempre a mente aberta!
Se você tem um notebook e quer aprender mais como fazer um bom playback baixe nossa apostila
gratuita, aqui. Está no www.4shred.com. O registro é rápido e gratuito.

Ótimas gravações!!!

Nenhum comentário: