quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mixagem: construindo a partir da voz

Depois de um longo tempo sem publicar, hoje volto a fazer postagens! Como sempre de 2 em 2 dias!
Não é nenhuma novidade (você provavelmente ouviu bastante) que muitos produtores começam a construir suas músicas em torno da voz. Mas em que ordem é feito isso?
Pra sanar sua dúvida fiz alguns tópicos para te ajudar a achar uma luz no fim do túnel!

1)Como se faz isso?
Normalmente os músicos timbram seu instrumentos e gravam. Porém na hora de encaixar a voz eles encontram dificuldades. E isso se deve há alguns fatores como falta de timbre, voz artificial, ambiente e uso errado dos efeitos. Um amigo meu disse que gosta de primeiro colocar um playback e acertar a voz. E a partir dela ir construindo o resto. Isso funciona muito bem, mas o seu local de gravação tem que ser preciso ou seja, quando for gravar o vocal você tem certeza que ele soará direito na gravação pois todas as freqüências estão em “flat” para quem não tem isso deve fazer a velha a escola: gravar tudo e voz por último. Na verdade, a maioria grava tudo primeiro e vai regravando conforme a voz vai pedindo destaque. Claro que nem sempre assim, muitas vez a voz é colocada de 2º plano de propósito para dar destaque a outro instrumento e isso acontece muito com o rock pesado em geral.

2)O que faço primeiro? NADA!
Primeiramente não mexa em nada, só se concentre na voz. Para isso use a função “Mute” de sua DAW ou seja, deixe tudo mudo menos a voz principal pois é a partir dela que vamos construir a mixagem. Porém aqui tem um detalhe: se ela está mal feita tanto por falha de equipamento ou por falha do cantor é melhor gravar de novo! Pois ela é o instrumento principal e se você não consegue isso é bom começar a pensar em mudar seu equipamento de entrada, o microfone ou o local de gravação. Feito isso tente obter a voz mais natural possível (como se estive ouvindo uma pessoa cantar na sua frente) e não coloque nenhum efeito!

3)Começando a festa!
Quando a voz soar bem você pode vir para essa etapa. Não é uma tarefa fácil (principalmente para que tem pouca experiência) e para isso nada como usar um plugin de Analyser e colocar ele só sobre a voz e comparar a mesma com o resto dos instrumentos. O Gráfico abaixo foi obtido com o plugin Ozone 4 (clique para ampliar):

Pra obter isso você deve ativar o equalizador paragráfico, colocar em “options – spectrum – infinite” e fazer “snapshots” de sua freqüências como foi feito aqui:

A faixa “roxa” é a voz, o que vamos fazer aqui é analisar quais as freqüências que mais conflitam em cima da mesma. O resto: faixa vermeha guitarra drive, faixa azul bateria e baixo, faixa branca cama (sintetizador). A faixa verde é padrão do plugin quando ativado. Para isso funcionar também é necessário você rever “todas as regras” de freqüência (para ver os tópicos do blog clique aqui) pois sem saber as freqüências principais e secundárias da voz e do resto você não chega em lugar nenhum.
Essa música analisada estava em processo de mixagem por isso vou detalhar o que fiz para destacar a voz:

A)A voz pode ir até 80 Hz sem problema, o problema é depois pois irá aparecer ruídos antes disso e após. Aqui cortei a mesma até 120 Hz pois a voz do cantor pediu isso, dependo o cantor pode ser cortar mais ou menos.

B)Veja somente a faixa entre 100 – 400 Hz e repare como todas as pistas se aproximam uma das outras. Isso acontece porque a maioria dos instrumentos tem seu volume de destaque baseado aqui. Abaixar ou aumentar aqui é uma questão de gosto. Se aumentarmos a guitarra possivelmente ela irá abafar a voz e se baixarmos pode ficar sem o timbre que foi gravado, por isso podemos resolver os conflitos mais na frente.

C)A faixa entre 450 Hz até 2.5 kHz nota-se a predominância da voz. Aqui nessa área é definido a maior parte dos timbres, por isso requer cuidados. Nessa caso a voz está “acima demais da média” podemos aqui baixar a mesma um pouco (com equalizador paramétrico ou com o volume) ou ainda aumentar outro instrumento que queremos destacar.

D) depois de 2.5 kHz até 8 kHz o pico varia. Isso porque geralmente 3 – 6 kHz é uma faixa bem complicada. Pra ter uma idéia aqui você pode dar brilho a voz e a o mesmo tempo deixar ela irritada, baixando pode ser resolver conflitos entre a voz e os instrumentos de corda porém pode tirar o brilho dos mesmos por isso tudo aqui tem que ser mexido quase “cirurgicamente” . O Bom mesmo é deixar tudo regulado na gravação para evitar que esse processo se torne “artificial” na mixagem.

E)Esse já um arquivo pré máster ou seja ele possue 4 busses/aux (voz, guitarra, cama, bateria com baixo) por isso olhe o próximo tópico!

4)Fazendo por etapa
Primeira mente é necessário criar os buss/aux ou seja voz, guitarra, cama, bateria com baixo ou conforme vai sua música. Depois do acerto da voz, você deve comparar a mesma “com cada pista” da música! Por exemplo, escutar o bumbo e a voz e ver qual a faixa conflitante entre os dois, em seguida adicionar a caixa, e fazer a mesma coisa com todos os instrumento e assim por diante. Claro que pode aparecer conflitos entre os instrumentos, mas você tem resolver – los sem que eles atropelem a voz e para isso muitas vezes o “pan já resolve” (jogar de um lado para outro).

Na dúvida sempre faça o “teste dos vinte” comparando a sua música com uma música comercial do mesmo estilo ou parecido e veja onde a voz se destaque ou menos se destaca!

Ótima mixagem!


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Produção: fusão de um ou mais ritmos – parte 1

Pra começar a semana vou comentar uma coisa muito comum que aconteceu nos estilos musicais: a fusão. Pra começar isso não é novidade, pois o “fusion” é jazz que tenta misturar outros estilos a si mesmo sempre buscando improvisação. A questão em produção é: você já parou para pensar que talvez o que falte para sua música se tornar um sucesso é justamente uma fusão? Claro, a maioria dos “puristas” vão dizer que uma música misturada pouco se destaca, mas você que toca de tudo numa banda nunca reparou que no fim cada estilo acaba influenciando no seu som? Uma coisa que sempre comento com meus amigos:o diferente chama a atenção das gravadoras e é por isso que está na hora dos roqueiros reverem seus conceitos pois estilos como funk carioca, forró e sertanejo universitário estão em alta justamente por serem diferentes pois possue coisas que a maioria das pessoas ainda não ouviu.

Abaixo a três músicas que mostram claramente fusão de ritmos

BYOB – System of a doom
Note que primeiramente a música começa com uma pancadaria típica da banda e no refrão vira uma levada pop reagge. Uma fusão simples mas bem feita.




Por quê? – Pi Banda
Minha banda PI misturava muitas coisas pois concordávamos que misturar era muito legal. E isso que fizemos: misturamos grunge, ska, reagge e har rock tudo numa música só.



Renagades of Funk – Rage Against Machine
Por ultimo um trio que parece um sintetizador gigante. Misturando hip hop e hard rock saiu uma das melhores bandas que já existiu. Tom Morello com uma guitarra e um whammy fez coisas que ninguém imaginava fazer numa guitarra. Note que a música tem poucas bases e mais sim mais riffs.




Nem toda fusão “fica boa” por exemplo, essa história de “misturar” uma banda de rock com orquestra em umas ficaram ótimas (parece os dois são a mesma coisa) e outras ficaram uma bela porcaria!Ou que nem aquela história do “samba rock” uns são excelentes exemplares, outros são daquele tipo “pagode tocado numa festa cheia de amigos bêbados”. Outra coisa que fugir muito da sua “raiz primária” (o estilo que você mais gosta) pode não ser uma boa,pois quando você faz uma música que não gosta o público nota na hora. Por enquanto procure ouvir músicas e veja quais andam fazendo essa fusão!

Próxima postagem veremos umas idéias para você começar a misturar! Abraços!