segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Masterização e guerra dos volumes

Todos que me mandam músicas para analisar podem notar que no “relatório” da análise eu coloco “Volume de Música Comercial” e comparo com o volume da música analisada. Porém o que é isso? Isso nada mais é que pegar uma música comercial no estilo da música que estou analisando e fazer minhas comparações em relação ao volume. Nisso englobo tudo: volume e pan dos instrumentos, volume da mixagem e volume da masterização ou seja, colocar a música que analiso e comparar com uma música comercial e ouvir ambas lado a lado.
Dificilmente qualquer um sem saber o que dá para fazer com seu equipamento (conhecer o mesmo muito bem) pode chegar a um volume comercial e muitos ainda não tem o equipamento corretamente pra isso. Só o tempo e conhecimento pode trazer isso, mas com certeza a vida de quem grava em casa ou tem um pequeno estúdio seria muito simples hoje em se não fosse a “guerra dos volumes”. Lembra dela? Comentei AQUI
Pra mim essa bagunça começou quando a gravação digital começou a chegar nas casas e monte de gente precisava salvar seu emprego e encontrou na opção de “achatar tudo e deixar alto” uma maneira de ser destacar no mercado e além disso tiveram a nossa “preguiça” como aliada (de se levantar da cadeira para aumentar o volume ou ainda, de ter muito mais volume sem precisar colocar “mais módulos e mais amplificadores”) e isso tudo pode ser um problema de saúde no futuro. Esses dados da pleasurizemusic (um site que luta pela dinâmica do som e contra o volume) mostram como a música ao passar dos anos foi ficando cada vez mais alta e distorcida:

1983
Pico (peak): - 4
Threshold (limite): - 3 dB
Dynamic Range (freqüências audíveis): 14 dB

1993
Pico (peak): - 3 (ou mais)
Threshold (limite): - 4 dB
Dynamic Range (freqüências audíveis): 12 dB

1998
Pico (peak): - 1.2
Threshold (limite): - 5 dB
Dynamic Range (freqüências audíveis): 9 dB

2003
Pico (peak): 0.2
Threshold (limite): - 6 dB
Dynamic Range (freqüências audíveis):6 dB

2008
Pico (peak): + 1.2
Threshold (limite): - 8 dB (ou mais)
Dynamic Range (freqüências audíveis):4 dB

Como você pode ver o som estar mais alto, porém está mais inaudível. Isso talvez seria um dos motivos porque muita gente está voltando a escutar músicas mais antigas e deixando as novas só para fazer “agito”. Aumentar uma música dá certo? Será que tudo que eles fazem está errado? Bom, pra isso vou dar um exemplo com duas músicas minhas:

1. Por quê? É uma música de Diego Boni, gravada pela minha Banda PI (2004) e foi produzida pelo nosso baterista que foi quem gravou, mixou e masterizou. Ouça:



Na época o equipamento que ele usou foi: Um Audigy 1.2, Um mic Behringer B-1, amplificadores de reforço de sinal, simulador de guitarra Guitar Rig 2, DAW (programa) Sonar, Sound Forge e bateria foi escrita em MIDI e depois colocado o VSTi Native Baterry 1.0. Não sei como foi o processo de mixagem e masterização (ele não nos falou). Note que apesar ela não estar num volume de “música comercial atual” ela está bem limpa, bem aparada, com um master eficiente e que tudo isso foi feito com um equipamento relativamente simples.

Bom, agora ouça uma música minha chamada “Vida Normal” gravada ano passado.



Ela foi gravada com tudo que tenho em casa que é uma placa de som M- Áudio, Vários VSTi, plugins, guitarra, voz, etc... Porém note que apesar de ela estar “alta” como uma música comercial, relativamente está “sem dinâmica”. Eu ia deletar ela pois estão remixando a mesma, porém decidir deixar para o pessoal ver o que acontece quando um música soa “alta e sem dinâmica”.

Existe sim uma maneira de fazer a música soar “alta e dinâmica” como eu fiz com essa minha música “Vontade de Amar”:



Aqui você pode ver . como eu gravei ela
Bom, ela foi gravada com equipamento bem mais simples que essas duas músicas e como soou tão alto? Pelo simples motivo: tentativa e erro. Em mixagem as melhores sempre são mais resultados de “erros do que de acertos”. Nunca se esqueça que uma música tem seguir esses quesitos:

40% O músico que grava
30% O equipamento usado
20% A mixagem
10% Masterização e detalhes finais

Claro, aqui não detalhei a criação, direção e produção. Por tanto, fazer uma música soar depende de paciência, erro e acerto nas primeiras vezes até pegar o jeito.

Uma dica
Você pode usar a função “release” e “attack” de uma maneira bem simples e organizada.
Por exemplo:

1)Coloque num buss aux um plugin de limiter ou compressor.
2) Faça as seguintes parâmetros: threshold – 10 dB, release 100 ms, attack 20. Com isso você vai ver que as pistas desse buss estarão “explodindo” em seu falante.
3) No master coloque o mesmo plugin ou procure diferenciar o mesmo (por exemplo, se você colocar um compressor no buss, coloque um limiter no master).
4) Faça as seguintes parâmetros: threshold – 4 dB, release 1000 ms, attack 50.
5)Se você fizer certo, vai notar que no “meter” do master a música vai pulsar.
6) Faça um arquivo somente do aux e outro com o aux e o master juntos.
7) Você verá que o arquivo está achatado, enquanto o do master, estará mais dinâmico.

Esse bom caminho para seus testes!!!

Abraços!!!

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