quinta-feira, 10 de junho de 2010

Minha musicas: como gravei Vontade de amar

Minha musicas: como gravei Vontade de amar

Salve! Como tirei do o ar a postagem de como gravei “Vida Normal”, hoje vou comentar como gravei “Vontade de amar” para lhe ajudar a entender as etapas de um processo de gravação. Pra quem está começando será de grande valia pois foi a primeira música que gravei sozinho em um simples equipamento.

Eis o resultado final:



Vamos as estapas

1.Gravação

Eu escrevi essa música pra banda Química Natural (A mesma de se eu puder voar) porém acabamos com a banda antes de tudo vingar. Em 2006 eu fazia gravações de jingle para o restaurante do meu pai e resolvi gravar essa música, com um detalhe: seria a primeira música que iria gravar sozinho em casa. Com a experiência que tinha em estúdio (que não era muita) resolvi me arriscar. O processo de gravação foi o seguinte:

Mesa de som: Uma mesa simples de som (Wattsom) de 8 canais e um direct Box Behringer foi o que usei para ligar todos os instrumentos. O computador foi um K6 II (isso mesmo que você está lendo), uma placa sound blaster PCI e a criatividade. Na época tinha um equipamento não muito bom, pois tinha saído de São Leopoldo – RS voltado pra Joaçaba – SC e não tinha muitos planos do que fazer por aqui.

Teclado (sintetizador)
Um teclado Yamaha PSR 630 me forneceu: a bateria, o baixo e os pad. Muitas vezes as pessoas tem mania de colocar voz num estúdio usando um teclado que gere tudo e o maior erro delas é não separar as pistas (digo, gravar bateria num canal, o baixo no outro e os pad no próximo) porque quando se pega uma MIDI e grava tudo direto, depois para tirar médios, abaixar os graves e aumentar os agudos fica bem complicado. Na mesa tudo ficou em flat. Vamos o processo individuais do teclado.

Bateria: Para a música que bem “ambientada nos anos 80” (uma mistura entre o rock e o new age) usei o kit do teclado chamado “Eletro Kit” que simula uma bateria eletrônica Roland 909 (ou algo similar) mas não separei as peças, gravei todas em conjunto.

Baixo: Usei a simulação de Slap Bass.

Pad: usei simulações de New Age, Atmosphere e Strings.

Essa seria a parte que fiz com o teclado, agora vamos a voz e a guitarra.

Guitarra: desde 2003 toco com uma Yamaha Pacifica e desde 2005 toco com uma Tagima 735 com captadores Dimarzio, porém meu equipamento não era dos melhores: Um pequeno cubo Meteoro Atomic Drive, uma Zoom 505 II e uma Behringer Xvamp e nem preciso dizer a “qualidade desses dois processadores”, porém tive uma idéia: peguei o Meteoro, liguei o auxiliar dele em outra caixa, interliguei a 505 II e a Xvamp, coloquei um microfone na frente da caixa e outro atrás do Meteoro e gravei os timbres dentro de um banheiro. Na mesa deixei tudo em flat.

Voz: primeiramente até hoje (apesar de ter feito aulas de voz, feito apresentações e estar num coral) tenho trauma da minha voz. Porém se eu tivesse “encarado as criticas” e ter metido a cantar ao invés de ser mais um “sideman” talvez minha vida na música tivesse sido diferente. Pensei comigo mesmo: se minha voz não é boa, vou dar uma de Beattles: vou gravar a 1º, a 3º, a 5º e 8º pra fazer tipo um “grande chorus natural”, o resultado é que até hoje faço isso, e até hoje não acreditam que sou eu cantando minhas músicas! Gravei com dois microfones muito simples, Lesson SM58 (copia mal feita do Shure) e como nas guitarras, mandei tudo para mesa com as seguintes regulagens (de 1 para mínimo, 5 pra o meio e 10 para o máximo) nos controles da mesa

1º voz – Low 3, Mid 5 e High 7
2º voz – Low 4, Mid 6 e High 5
3º voz – Low 5, Mid 5 e High 5
4º voz – Low 2, Mid 7 e High 7

Devo acrescentar que mesas de som “medianas” tem deficiência em médios e agudos (nunca encontrei uma mesa wattsom ou cíclotron que não tivesse esse problema em gravação), por isso tive que calibrar a voz.

2.Mixagem

Como o K6 2 é um computador “ultra simples” usei uma DAW bem simples que tinha num cd: A primeira versão do Sony Vegas. Como não dava pra usar “busses” eu tive que fazer certas etapas “na mão e no ouvido” ou seja, passava um plugin, ouvia som e se estivesse bom deixava senão, dava um “undo”. Todos seguiam o mesmo o processo: Noise Gate, Equalização, Compressor Tube, Equalização, compressor e efeito.

Vamos as pistas (tracks)

1.Bateria: A bateria foi grava em estéreo, com dois canais da mesa para o computador. Aqui como a bateria era inteira usei a seguinte regulagem: cortei os graves depois de 30 Hz, aumentei +1 db perto de 80 Hz (para trazer o kick), +2 perto de 200 Hz (para trazer a caixa), um corte de -2 db entre 800 – 1.5 kHz (para soltar o som) e ganho moderado de + 3db entre 5 – 8 kHz (para trazer o kick novamente e aumentar a presença do xipo e pratos). Coloquei um reverb tipo sala (hall) característicos das baterias dos anos 80.

2.Baixo: muitas pessoas que gravam dizem que não vale a pena tentar timbrar baixo de teclado mas até o hoje eu timbro. Primeiro gravei ele em mono, depois converti para estéreo. Na época timbrei da seguinte maneira: corte tudo abaixo de 50 Hz, aumentei – 0.5 dB perto de 100 Hz, aumentei +2 dB entre 200 Hz e 800 Hz (na verdade acompanha mais a caixa que o bumbo) cortei – 1 dB de 1 kHz a 2.5 kHz e deixei flat o resto. Coloquei um Flange de leve também.

3.Pad: Na época eu não sabia que um som tipo pad, ocupa muita coisa no campo estéreo, e pra falar verdade nem sei se realizei cortes. Gravei ele em mono e se não me engano só cortei um pouco os médios (320 – 640 Hz) e aumentei um pouco a partir de 1 kHz.

4.Strings: idem ao pad, porém em algumas vezes usei junto um choirs ahh.

6.Solo teclado: O solo usei um misto de strings e Atmosphere. Só aumentei um pouco perto de 2 kHz.

5.Guitarra Funk: essa guitarra eu gravei usando a seguinte configuração: som limpo com um pouco de chorus e reverb. Mexi muito pouco nas freqüências, só aumentei +1 dB entre 200 – 300 Hz. Guitarra gravada em mono.

6. Guitarra Drive: Saiu um drive bem pesado, porque usei pouca saturação e afinei para fazer os Power chords a guitarra em Drop D. Mas não adianta tirar um som profissional se você não tem válvulas!.... Só aumentei um pouco em 1 kHz ou 2 kHz. Guitarra gravada em mono.

7 a 9. Solo Guitarra: Apesar de ser só um trecho solo, gravei o mesmo em três pistas, com tempos diferentes e o resultado foi um delay natural. De novo só aumentei um pouco em 1 kHz ou 2 kHz. Guitarra gravada em mono.

10 a 13. Voz: Sinceramente não sei direito como mixei a voz. O que lembro é que limpei ela bastante com um equalizador gráfico e com Noise Gate. Ao passar reverb (de novo tipo sala) compressei a mesma. Se não me engano a regulagem foi: cortar tudo abaixo de 100 Hz, aumentar 200 Hz, cortar entre 340 – 800 Hz e dar um “High Self” a partir de 2 kHz. Porém, como eram 4 vozes, mudava pouco o timbre, e o reverb está mais destacado na voz principal, na 5º tem chorus, e na oitava usei um efeito de rádio (pegar um equalizador paramétrico e cortar tudo abaixo de 300 Hz e acima de 1 kHz). Todas foram gravadas em mono, porém a voz principal converti em estéreo.

3. Campo estéreo (Panorama)

Um dos motivos que ela soou alto porque usei um técnica de campo estéreo que não sabia até agora: chama-se Big mono. O Big mono é você juntar “gravações em mono” dividir entre o canal direito e esquerdo para criar o estéreo. Parece rústico e até amador, mais na hora da masterização pode significar a diferença entre +1 dB e – 1db. Para sons estéreos: tudo centro. Mono grave, para esquerda e Mono agudos para direita. Depois fui saber que este é o “estilo londrino” (link) de mixar músicas new age. Veja o que nosso inconsciente faz! Vamos o posicionamento das pistas no campo estéreo:

1.bateria
Pan: Centro
Volume: - 1 db

2.Baixo
Pan: Centro
Volume; - 6db

3.Pad
Pan: Esquerdo 47
Volume: - 10 dB

4.Strings
Pan: Direito 70
Volume: - 7 dB

5.Solo Teclado
Pan: centro
Volume: - 4db

6.Guitarra Funk
Pan: direito 70
Volume: - 6 dB

7.Guitarra Drive
Pan: esquerdo 54
Volume: - 7.5 dB

9. Solo Guitar 1
Pan: centro
Volume: - 4 dB

10.Solo Guitar 2
Pan: esquerdo 15
Volume: - 4 db

11.Solo Guitar 3
Volume: - 4 db
Pan: direito 90

12.Voz principal
Volume: - 2 dB
Pan: centro

13.Voz 3º
Volume: - 7 dB
Pan: esquerda 45

14.Voz 4º
Volume: - 8 dB
Pan: direito

15.Voz 8º
Volume: - 2 dB
Pan: centro

4.Masterização
Assim como nos estúdios que gravei, fui assombrado pelo “monstro do volume baixo”. Para resolvermos esses problemas, nós usávamos equalizadores e limitadores, mas como eu não tinha nada disso (só plugin), veja o que eu fiz: Primeiro gravei a música num CD, após isso extrai a faixa do mesmo e fui ajustando as freqüências e os volumes até ficar parecido com três músicas: Money for Nothing (Dire Straits), Educação Sentimental (Kid Abelha) e uma outra que não recordo. Fiz três etapas:

1)Com um equalizador paramétrico tentava ajustar as freqüências da minha música com as músicas de referência. (fiz aumentos em certas freqüências de até +4 dB)
2)Após conseguir o ajuste das freqüências, com um compressor fui aumentando o som (comparando com a referencia) até que o mesmo não estoura-se.
3)Com um limitador, coloquei o dither e mandei novamente a música pro ceder.
4)Extrai de volta a mesa e passei um plugin de “enchancer” mas usando a função “smooth).

Devo avisar que “essa novela” foi feita porque não tinha um equipamento bom. Porque fiz coisas que um engenheiro de som me condenaria: aumentei as freqüências (até o graves) e compressei a música até um valor totalmente intolerável (onde a onda ficou totalmente quadrada), porém houve um fator que influenciou direto na masterização: a boa mixagem. Todos os instrumentos foram colocados certinhos no espaço (tanto a equalização quanto o panorama) com seus volumes ajustados. Hoje em dia gravo bem diferente, ,mas ainda uso essa música como uma das minha referencias, não importa o estilo! Muitas das coisas que fiz aqui não me recordo direito, por isso hoje em dia sempre anoto todas as etapas da gravação! Sempre faça experimento com suas gravações não importa o que use, os resultados podem ser bem satisfatório!

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