segunda-feira, 10 de maio de 2010

Produção: Como faço minhas gravações

Antes de mais nada, gostaria de agradecer profundamente as pessoas que visitam esse blog e aos sites de gravação da internet, fabricantes de DAW e plugins, músicos, produtores, empresários, enfim todas as pessoas envolvidas com o meio musical comercial ou indepedente. Vou mostrar as etapas do meu processo de gravação.Lembro a você que não falarei coisas que já não comentei, por isso é bem legal você ler certas postagens antigas nesse blog. Não pense que tenho todas as respostas pois a verdade mais do que os artigos que você possa ler, os cursos que possa fazer, tudo é uma questão de ouvir, gravar, aumentar, baixar, colocar plugins, mixar e masterizar, ou seja, a “prática leva a perfeição”. Vou colocar abaixo os meus estágios que faço quando crio uma música (já comentei isso, porém aqui vou dar mais detalhes).

Passo 1 – Criação
A música vem do nada. Sonhos, sentimentos, cotidiano, conversa entre amigos, paixão, ódio, felicidade, tristeza, casos, acasos, quase tudo é motivo pra ser fazer uma música. Feito isso escrevo onde for a letra (o que mais uso são papel, caneta, computador) sempre deixando uma linha para colocar a harmonia (as notas). Muitas idéias vem de tocar guitarra fazendo prática na frente da TV. O importante é que quando se tem uma idéia legal, e grava-lá em algum lugar também como rascunho.

Passo 2 – Passando a limpo
Quando tenho uma música, a primeira coisa que faço é passar a limpo. Geralmente eu escrevo a partitura dela para seguir o que pede o registro nacional de músicas porém tudo pode mudar conforme a seguir no passo 3.
Passo 3 – Estilo e instrumentação Estilo pra mim é uma questão de momento. Confesso que sou adepto do Power pop e Power Rock, porém o que faço é uma mistura de rock (todos os tipos), música eletrônica anos 80, funk, ska, mbp e muitas vezes até samba, axé e sertanejo! Você pode conferir esse trabalho no meu Palco Mp3 . Escrevo algumas letras em inglês, geralmente falam de aspecto sensual e para essas eu faço o estilo synth pop, Techno, Jungle e acid. Você pode conferir essas músicas em Automusic . Músicas eletrônicas faço tudo com o computador, DAW (programas multi pista), samples, teclado e bateria eletrônica. Quando faço um outro estilo geralmente faço da seguinte maneira:

A.Com banda – Com uma banda é bem mais fácil de lidar, pois se você quer resultados satisfatórios para sua composição, deixe cada um da banda pensar no seus próprios arranjos. Somente um “gênio musical” como Michael Jackson, Richie Kotzen, Raul Seixas, Zé Ramalho consegue ter todos os arranjos de uma banda na cabeça. Eu como gosto de “livre abritio” deixo cada instrumentista fazer o que quiser desde que deixe a música bonita.

B.Samples – Confesso que não sou muito disso, porém certa vezes são necessários para deixar uma música redonda. Muitos compõe a voz, a guitarra, baixo e teclado em cima de uma bateria sample. Outros usam eles para colocar “algo mais” na música, particularmente uso muito pouco.

C.MIDI – Poucos sabem, mas desde a década de 1980 o Music Interface Digital Instrument (MIDI) tem sido responsável por um hit, atrás de outro. Por quê?
Pois graças a ele, músicos e produtores puderam fazer suas linhas de vários instrumentos (como sopro, piano, cordas, baixo, bateria, guitarra) e passar para os músicos que iriam transpor o som para os instrumentos reais. Particularmente uso midi além disso, para quase tudo. Quando quero escrever algo detalhado, uso midi. Quando quero compor uma coisa rápida (como um jingle) uso midi, muitas coisas que os estúdios gravam são instrumentos são Midi com VSTi ou teclado.

Passo 4. Gravação
Por incrível que pareça, pra mim esse é o mais complicado dos processos ( e acho de todo mundo), pois a gravação vai mexer muito com os timbres. Particularmente acho que a parte mais chata é timbrar a bateria e a voz. Por isso abaixo vou comentar um pouco sobre isso:

A. Não gravo muito bateria. Porém quando gravo, eu sempre uso a tradicional forma dos 8 microfones: Um no bumbo, um na caixa, dois nos tons, um no bumbo, um no xipo, um no prato de condução e ou outro no prato de ataque (crash). Se precisar vou colocando outros microfones (no caso se aparecer um cowbel por exemplo). Complicado aqui é deixar tudo compressado (preciso pegar um rack emprestado), fazer as entradas no computado e convencer o batera a gravar pelo metrônomo.
B.O baixo é o mais simples pois um bom baixo, num bom ampli em flat e um line direct já resolve tudo.
C. A guitarra muita vezes, uso um cubo pequeno com vários pedais, um multi efeitos ou passo VST que é melhor do que ficar “tentando combinações” malucas de microfone e principalmente se você não tem um valvulado! Quem me deu essa dica foi o produtor Paulo Assis (link). Particularmente as vezes encontro muita dificuldade em timbrar um guitarra estilo Heavy metal, e como sempre a voz.
D.O teclado é fácil também, basta gravar direto da saída pois o timbre defino na mixagem.
E.A voz é terrível! Eu gravo tudo em flat e deixo para lutar com ela na mixagem, sempre cuidando os sss, puf, e clipagem.

O outro problema parte do computador. Computadores ficam com sobre carga de CPU ao gravar, e muitas vezes a latência dele não casa com que está sendo gravado (a música fica fora de tempo) e pra mim que não tenho ainda um “conversor universal A/D” (pois custa perto de R$ 1000) é bem complicado. O jeito é usar a criatividade para diblar esses problemas, nem que pra isso você teste vários tipos de DAW. Fora esse problema, é a regulagem. Existem vários tipos de regulagem para vários instrumentos e além das revistas especializadas no assunto outra boa fonte é a internet, onde há vários fóruns sobre isso lembrando que aqui o maior segredo de todos é o ouvido (um bom equipamento com certeza ajuda e muito). Certas as normas de mixagem (cortar aquilo, aumentar isso) não servem para a gravação, pois cada processo é um processo. Aqui no meu blog você também várias dicas de gravação.Minha etapa de gravação? Não tem segredo!
Take 1 – Bateria Take 2 – Baixo Take 3 – Piano, orgão, synth, strings…. Take 4 – Guitarra ou violão base Take 5 – Guitarra ou violão solo Take 6 – Vozes e backing vocals
Passo 5: Mixagem
Muito bem, se a gravação é o embrião, a mixagem irá definir a vida da música. Geralmente demoro 2 semanas para gravar e mais 3 para mixar ou mais. Por quê? Por que na mixagem a gente consegue enxergar o que deixamos para trás. Muitas vezes só mixando a música descubro que o tem em excesso ou o quê está faltando a música. Gravo geralmente 16 pistas (ou mais), que reduzo para 8 ou até menos. Instrumentos em excesso você pode cortar (deixar) mudo ou até usar um “envelope volume” para deixa-lo ir ou vir na hora que quiser. Uso pouca coisa em estéreo pelo simples motivo: o estéreo rouba espaço na hora da mixagem, além do mais, se o estéreo é uma junção de 2 canais mono, por que gravar em estéreo? Algumas pessoas não irão concordar, mas para fazer umA gravação soar alto, faço isso. Mas não leve isso também para o lado radical: o segredo das viradas da bateria é gravar em estéreo cada peça no seu lugar. Em matéria de efeitos, coloco somente os de modulações (chorus, flanger, phaser) e o reverb posso colocar um pouco na caixa ou no bumbo, porém nunca demais. Nos outros instrumentos deixo para o máster. Muito gente diz pra gente ir fazendo “render” (compilar as trilhas) por exemplo da bateria, mas particularmente eu prefiro fazer tudo usando os Aux da DAW. Uma coisa que faço é deixar cada coisa no seu lugar: num arquivo a parte do ritmo (bateria, baixo, teclado), em outro o arquivo das guitarras e violões e em outro as vozes. Pego os três compilo, e abro um arquivo novo com as três pistas só para masterizar. Eu prefiro na hora da mixagem cortar todas as freqüências em excesso, que você pode conferir a tabela aqui, mas duas coisas que faço: a primeira é cortar com um brick wall ou equalizador linear os instrumentos graves, partindo de 50hz (bumbo, baixo, órgão e piano esquerdo) 80 – 90 Hz (no caso das guitarras e violões), 100 hz quando for instrumentos médios graves (como caixa ou sintetizador), 200 hz instrumentos medianos (voz por exemplo) 500 hz coisas muito agudas (como xipo, apito).
Passo 6 – Masterização
Bom, alguns dizem pra não fazer, outros dizem pra fazer, e eu? Faço, pois é única maneira que encontrei de fazer um música soar alto. Geralmente eu pego o render da parte rítmica, da guitarra e da voz e coloco cada um num pista separada. Aqui agora vou ajustar o reverb, pelo simpes motivo: fazer tudo soar uniforme. Geralmente isso tem que ser algo do tipo tentativa/erro pois em muitas músicas não há necessidade de reverb, talve de outro efeito. Para fazer o máster, abro dois aux: 1 para colocar as referências e ou outro pra colocar o máster. Com músicas de referências, podemos ver o que está soando de menos ou demais em nossas músicas e ir regulando, porém aqui se o máster começar a “distorcer”, começo toda mixagem do zero de novo, pois o erro está na mixagem e não no máster. Isso aprendi porque li e traduzi artigos como esse onde Greg Reierson nos diz sabiamente, que quando uma música “não respira” no máster o problema está no excesso de freqüências da mixagem. No aux onde coloco os plugins de masterização coloco: um expansor estéreo (para abrir o campo) um paramétrico eq (com low self em 20 – 30 hz, -2 a -3 Db nos médios, +1 dB nos agudos) compressor, compressor multi banda (empurrando as freqüências que faltam) e um Clipper/limiter (geralmente threshold –6 dB e Peak – 1.0) . Passar isso para cd? Simples: queime a música direto da DAW (geralmente tem uma função burn track in CD) com algum dither ou limitador com dither. Caso converta direto para mp3, deixe pelo menos em -1.5 Db na conversão (pois a mp3 achata) e se possível passe um plugin de smooth para suavizar a compressão. Não se esqueça de checar como está seu estéreo! Clique aqui para mais informações


Passo 7 – Onde a música vai tocar
Eu masterizo uma música pra tocar sempre em 3 lugares: num aparelho normal com sub bass ou sub woofer (40 hz a 22 Khz), caixas de computador (100 hz a 18 Khz) e sistemas de carros (20 hz a 22 khz) se tocar uma música bem nesses três sistemas de som roda bem num cd, numa rádio, num P.A e assim por diante. Apesa de saber que é incorreto, sou adapto da tese “soar o mais alto possível”, porém sempre procurando ver se o som não distorce (ou distorce) em volumes perto do máximo e o melhor lugar para ver isso pra mim ainda é nas caixinhas de micro computador!

Isso é o que faço nas minha grvações! Espero que te ajude a achar um método próprio! Abraços!

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